Matthew
Burton (à direita) e sua orientadora Ale Lukaszew estão
trabalhando em melhorias de um importante componente de aceleradores de
partículas.
É preciso um grande instrumento para investigar
uma partícula pequena. Os aceleradores de partículas, usados pelos físicos para estudar as partículas elementares, são geralmente construídos no subsolo e seu tamanho é
muitas vezes medido em milhas. Como o conhecimento das partículas fundamentais
avança através de novas descobertas, os cientistas precisam de melhores
aceleradores de partículas. Matthew Burton trabalha para fazer um acelerador melhor.
Burton está se
concentrando em um componente acelerador chamado cavidade ressonante de
rádio-frequência (RF). As cavidades de RF são supercondutores em forma de anel
que aceleram as partículas de modo que possam colidir umas com as outras em um
esforço para dividi-las em seus componentes menores. As RF supercondutoras
(SRF) usadas atualmente são feitas de nióbio, um metal que deve ser resfriado a
-257 °C para se comportar como um supercondutor. O acelerador no JLab usa 338 cavidades de nióbio.
Um
técnico do Jefferson
Lab examina uma cavidade RF. O acelerador de partículas do JLab
contém mais de 300 desses componentes supercondutores.
Burton explicou
que as cavidades feitas de nióbio apresentam alguns problemas. Por um lado, o nióbio
é um metal altamente caro e também tem inconvenientes técnicos relacionados com
a sua capacidade de conduzir o calor. Além disso, as cavidades SRF de nióbio
têm progredido a um ponto em que exige-se um novo tipo de cavidade que ofereça
um desempenho além do que o nióbio pode proporcionar.
Para encarar estes
problemas, Burton tem duas abordagens: uma é testar a possibilidade de utilizar
filmes finos à base de nióbio para o revestimento das cavidades de cobre, que é
mais barato e um condutor de calor mais eficiente. Outra é usar os filmes finos
em multicamadas para criar uma cavidade ainda melhor com outros materiais
adequados.
Segundo Ale Lukaszew, “se o CERN tivesse as cavidades
com a qualidade que temos hoje, o famoso bóson de Higgs teria sido descoberto
há 25 anos. As cavidades que o CERN
estava usando para realizar os experimentos na época chegou a um nível de
energia muito abaixo do que era necessário para provar a existência do bóson de
Higgs”, explicou.
O processo de
alinhar as cavidades com filmes finos oferece vários desafios. Lukaszew
explicou que o filme deve ter espessura uniforme em toda a cavidade e também
deve ter as qualidades de superfície adequadas. A menor imperfeição pode interromper
seu caráter supercondutor.
Burton explicou
que a técnica de forrar as cavidades com filmes finos foi testada, mas
principalmente com amostras de tamanho maiores. Amostras assim fornecem uma ideia
de como a cavidade se comportaria se todo o interior for revestido com uma
película fina. Burton estará entre os primeiros a tentar cavidades totalmente
revestidas com um filme fino de nióbio. Ele
está trabalhando com um processo chamado High
Impulse Magnetron Sputtering (HIPIMS) para produzir filmes mais densos e
uniformes por toda a cavidade. “Isso nunca foi usado
antes. Nosso objetivo é utilizar esta nova técnica para tentar obter um melhor
controle sobre a densidade dos filmes”, disse Burton.
Os cientistas
que tentam produzir uma cavidade com filmes finos de nióbio estão correndo
contra o relógio. Lukaszew
explicou que o CERN já começou a
atualizar seus aceleradores de partículas: “Eles
precisam de uma resposta no prazo de quatro anos, se o que estamos fazendo é
melhor do que as cavidades atuais, então elas vão ser implementadas no CERN”.
A segunda fase
do trabalho baseia-se em uma ideia de um físico teórico, Alexander Gurevich, que propôs um modelo usando filmes finos em multicamadas
para aumentar o campo de aceleração das cavidades. Gurevich propôs que a superfície interior das cavidades devem ser
revestidas com filmes finos alternando camadas supercondutoras e isolantes para
aumentar o campo de aceleração das cavidades. “Se você
faz cada camada fina o suficiente ela vai ter um campo crítico maior”,
disse Burton. Quanto mais energia for inserida no interior das cavidades, mais
rápido as partículas irão acelerar. As camadas alternadas permitem que as
cavidades suportem campos de aceleração mais elevados.
“A teoria prevê que você pode chegar ao dobro do campo máximo
de aceleração fora destas cavidades. Assim, você pode fazer um acelerador com a
metade do seu tamanho atual”. Aceleradores de partículas menores podem
ser instalados em portos e em locais estratégicos semelhantes para verificar a
presença de material nuclear. “Se você tiver uma
cavidade reforçada que permita obter duas vezes o campo de aceleração, você
pode fazer um acelerador que se encaixa em um porto de embarque. Você pode até
mesmo encaixar na parte traseira de um caminhão pequeno”, disse ele. Este
será o primeiro teste do modelo Gurevich
em cavidades reais.
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