Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

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segunda-feira, 8 de junho de 2020

Acelerar corrente em supercondutores produz luz proibida

Com informações da BBC - 27/05/2020



Esta ilustração mostra a aceleração das supercorrentes por ondas de luz, o que dá acesso a uma nova classe de fenômenos quânticos, que poderão ser explorados em computação quântica, detecção e comunicação. Imagem: Jigang Wang/Iowa State University]


Um tipo de luz "que não deveria existir" - segundo as leis conhecidas das física - pode abrir as portas para um mundo ainda desconhecido.
Físicos da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, descobriram uma forma de acessar propriedades únicas da física quântica ao usar ondas de luz de alta frequência para acelerar a corrente trafegando por supercondutores, materiais que podem conduzir corrente elétrica sem resistência ou perda de energia.
Chirag Vaswani e seus colegas afirmam ter feito os primeiros experimentos para usar pulsos de luz em frequências de terahertz (trilhões de pulsos por segundo) para acelerar elétrons emparelhados, conhecidos como pares de Cooper, que se acredita serem os responsáveis pela supercondutividade.
Após rastrear a luz emitida pelos pares de elétrons acelerados, a equipe encontrou "emissões de luz do segundo harmônico", uma luz com o dobro da frequência de entrada usada para acelerar os elétrons.
“Essas emissões do segundo harmônico deveriam ser proibidas [pelas leis da física tradicional] em supercondutores. Isso vai contra o saber convencional,” disse o professor Jigang Wang.
A equipe afirma que essa "luz proibida" é "uma descoberta fundamental para a matéria quântica".
“A luz proibida nos dá acesso a uma classe exótica de fenômenos quânticos - que envolve a energia e as partículas na escala dos átomos - chamadas de precessões proibidas de pseudo-rotação de Anderson,” disse Ilias Perakis, membro da equipe.
A equipe usou uma ferramenta chamada espectroscopia quântica de terahertz, que permite visualizar e direcionar o fluxo de elétrons.
O processo emprega pulsos de luz laser a uma taxa de trilhões de pulsos por segundo, energia suficiente para acelerar supercorrentes e, com isso, tentar acessar novos estados quânticos da matéria. Foi justamente aí que veio a surpresa, na forma de harmônicos que não deveriam existir.
“Assim como os transistores gigahertz de hoje e os roteadores sem fio 5G substituíram as válvulas termiônicas há mais de meio século, os cientistas estão buscando um salto adiante nos princípios de projeto e em novos componentes, a fim de alcançar recursos quânticos de computação e comunicação,” disse Perakis. “Encontrar maneiras de controlar, acessar e manipular as características especiais do mundo quântico e conectá-las a problemas do mundo real é um grande impulso científico nos dias de hoje. A Fundação Nacional de Ciências incluiu estudos quânticos em suas '10 Grandes Ideias' para futuras pesquisas e desenvolvimentos críticos.”

Bibliografia:

Artigo: Terahertz Second-Harmonic Generation from Lightwave Acceleration of Symmetry-Breaking Nonlinear Supercurrents
Autores: Chirag Vaswani, Martin Mootz, Christopher Sundahl, Dinusha Herath Mudiyanselage, Jong-Hoon Kang, Xu Yang, Di Cheng, Chuankun Huang, Richard H. Kim, Zhaoyu Liu, Liang Luo, Ilias E. Perakis, Chang-beom Eom, Jigang Wang
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 124, 207003
DOI: 10.1103/PhysRevLett.124.207003


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Análogo do bóson de Higgs em supercondutores revelado por espectroscopia de terahertz (Higgs boson analog in superconductors revealed by terahertz spectroscopy)



O uso da espectroscopia de terahertz em supercondutores convencionais permitiu a observação do modo Higgs, revelando o seu acoplamento ressonante não linear com o campo de luz


A descoberta da partícula de Higgs no CERN em 2012 representou um empolgante progresso no campo da física de partículas, fornecendo forte evidência da quebra espontânea de simetria (SSB) e da existência de um campo de Higgs. O conceito da SSB em física de partículas, desenvolvido por Yoichiro Nambu, foi parcialmente desencadeado pela teoria BCS da supercondutividade. Esta teoria é baseada em um efeito que surge quando uma interação une pares de elétrons em estados bosônicos chamados pares de Cooper. A existência de um análogo da matéria condensada do bóson de Higgs (um modo de amplitude coletiva que surge a partir de oscilações do parâmetro de ordem supercondutor: Figura 1) foi proposto por Philip W. Anderson quase meio século atrás [1], antes da previsão do bóson de Higgs em física de partículas [2]. Este modo de amplitude coletiva, que só recentemente foi referido como o modo de Higgs, tem atraído muita atenção [3] a partir de um ponto de vista fundamental (por exemplo, para o estudo de transições de fase quânticas, dinâmicas de não equilíbrio e novos fenômenos não lineares). Usar campos externos para controlar artificialmente o parâmetro de ordem de materiais supercondutores representa outra perspectiva altamente intrigante. Esclarecer o comportamento coerente da interação luz-matéria em supercondutores deve abrir um novo caminho para o estudo de supercondutores não convencionais, para o foto-controle da supercondutividade e, potencialmente, para a supercondutividade foto-induzida.





Figura 1. Diagrama esquemático do modo de Higgs (seta vermelha) sobre o potencial de energia livre no plano do parâmetro de ordem complexo (Ψ). Re: Real. Im: Imaginário.




O modo de Higgs em supercondutores tem por muito tempo escapado de detecção experimental. A dificuldade fundamental reside no fato de que o modo de Higgs em si não acopla diretamente com ondas electromagnéticas (luz) em regime de resposta linear, devido à ausência de polarização elétrica ou magnética. Até agora, o modo de Higgs só foi observado no supercondutor seleneto de nióbio (NbSe2), por meio do espalhamento Raman. Esta observação é possível porque a onda de densidade de carga (do inglês, charge-density wave - CDW) no NbSe2 torna o modo de Higgs ativo no Raman [3,4]. Durante décadas, não ficou claro se o modo de Higgs pode ser observado em supercondutores convencionais sem CDW.

        Nós observamos o modo de Higgs no supercondutor convencional nitreto de nióbio e titânio (Nb1-xTixN) usando espectroscopia de terahertz (THz) [5,6]. Embora o modo de Higgs não acople diretamente com o campo da radiação, ele pode ser excitado pela luz THz. Nós irradiamos o Nb1-xTixN com um intenso pulso monociclo THz, gerado pela retificação óptica em um cristal de niobato de lítio (LiNbO3) [7]. Pares de Cooper são instantaneamente quebrado pelo intenso pulso THz. Tal perturbação súbita (não-adiabática) do estado fundamental supercondutor induz uma flutuação da amplitude do parâmetro de ordem [8,9].

O aparecimento de uma densidade superfluida, que dá origem ao parâmetro de ordem supercondutor (Δ), surge no espectro da condutividade óptica a uma energia de fóton próxima do gap supercondutor 2Δ (isto é, no intervalo de frequências THz). Fomos capazes de sondar a evolução temporal do parâmetro ordem usando pulsos THz com resolução temporal de sub-picosegundos. A Figura 2 mostra o sinal medido como uma função do delay da sonda, indicando claramente que o parâmetro de ordem oscila após a excitação do pulso THz [5]. A frequência da oscilação coincide com 2Δ (o dobro da magnitude do parâmetro de ordem supercondutor após a excitação), refletindo fortemente a assinatura do modo de Higgs com frequência 2Δ [8].





Figura 2. Evolução temporal do sinal mostra o comportamento oscilatório do parâmetro de ordem. A frequência da oscilação diminui à medida que a intensidade do impulso aumenta, refletindo a redução do parâmetro de ordem após o bombeamento. δEprobe: Mudança do campo elétrico da sonda (isto é, o sinal refletindo a mudança do parâmetro de ordem). Arb.: arbitrária.




Em contraste com o esquema de excitação não-adiabática do modo Higgs, o modo de oscilação Higgs também pode ser induzido através do acoplamento coerente não linear entre o modo de Higgs e os pulsos multiciclos THz de banda estreita com uma frequência sintonizada abaixo do gap de energia (ω < 2Δ). Embora este pulso THz de sub-gap não seja capaz de quebrar os pares de Cooper, descobrimos que o parâmetro de ordem oscila coerentemente com frequência 2ω (duas vezes a frequência de bombeamento) durante a irradiação do pulso THz. Nós também descobrimos que esta oscilação forçada do parâmetro de ordem conduz a uma forte geração de harmônico de terceira ordem (THG), como mostra a Figura 3. O resultado mais surpreendente é que esta oscilação forçada do parâmetro de ordem e o THG são fortemente ampliados quando 2ω coincide com 2Δ (isto é, quando o dobro da frequência do pulso é igual à frequência do modo de Higgs) [6]. Este resultado revela ressonância entre o modo de Higgs e ondas electromagnéticas no regime de resposta não-linear. Este acoplamento não linear entre o forte campo de luz e o modo de Higgs é descrito pela precessão coletiva de pseudospins de Anderson [10].




Figura 3. Abaixo: espectro de transmissão THz. Acima: temperatura crítica supercondutora (15 K). A frequência central do pulso THz incidente é ω = 0,6 THz. Geração de Terceiro Harmônico (THG) é observado em 3ω = 1,8 THz, abaixo da temperatura crítica.




Em resumo, temos confirmado a existência de um modo de Higgs em supercondutores quase meio século depois de sua previsão inicial. Bem como incitando um estudo mais aprofundado do modo de Higgs em supercondutores não convencionais, nossos resultados revelam um novo tipo de interação luz-matéria não-linear associado a fenômenos de cooperação em sistemas quânticos correlacionados. Este novo fenômeno óptico mostra a promessa para aplicação em fotônica THz não-linear e fornece uma nova abordagem para o estudo da supercondutividade por meios ópticos. Em trabalhos futuros, pretendemos usar este esquema para estudar o comportamento dos supercondutores não convencionais.






Ryusuke Matsunaga, Ryo Shimano
Departamento de Física
Universidade de Tóquio
Tóquio, Japão


Referências
1. P. W. Anderson, Coherent excited states in the theory of superconductivity: gauge invariance and the Meissner effect, Phys. Rev. 110, p. 827, 1958.
2. P. W. Higgs, Broken symmetries, massless particles and gauge fields, Phys. Lett. 12(2), p. 132-133, 1964.
3. D. Pekker, C. M. Varma, Amplitude/Higgs modes in condensed matter physics, Annu. Rev. Condens. Matter Phys. 6, 2015.
4. M.-A. Méasson, Y. Gallais, M. Cazayous, B. Clair, P. Rodière, L. Cairo, A. Sacuto, Amplitude Higgs mode in the 2H-NbSe2 superconductor, Phys. Rev. B 89, p. 060503(R), 2014.
5. R. Matsunaga, Y. I. Hamada, K. Makise, Y. Uzawa, H. Terai, Z. Wang, R. Shimano, Higgs amplitude mode in the BCS superconductors Nb1 - xTixN induced by terahertz pulse excitation, Phys. Rev. Lett. 111, p. 057002, 2013.
6. R. Matsunaga, N. Tsuji, H. Fujita, A. Sugioka, K. Makise, Y. Uzawa, H. Terai, Z. Wang, H. Aoki, R. Shimano, Light-induced collective pseudospin precession resonating with Higgs mode in a superconductor, Science 345(6201), p. 1145-1149, 2014.
7. J. Fülöp, L. Pálfalvi, G. Almási, J. Hebling, High energy THz pulse generation by tilted pulse front excitation and its nonlinear optical applications, J. Infrared Millim. Terahertz Waves 32(5), p. 553-561, 2011.
8. A. F. Volkov, Sh. M. Kogan, Collisionless relaxation of the energy gap in superconductors, Sov. Phys. JETP 38(5), p. 1018-1021, 1974.
9. R. A. Barankov, L. S. Levitov, B. Z. Spivak, Collective Rabi oscillations and solitons in a time-dependent BCS pairing problem, Phys. Rev. Lett. 93, p. 160401, 2004.
10. N. Tsuji, H. Aoki, Theory of Anderson pseudospin resonance with Higgs mode in superconductors, arXiv:1404.2711, 2014.



quinta-feira, 9 de abril de 2015

Fazendo supercondutores mais resistentes (Making Superconductors Sturdier)


 


 

A resistência nula dos supercondutores torna estes materiais ideais para circuitos elétricos. No entanto, continuam a serem inviáveis, devido às baixas temperaturas em que operam. Isso acontece porque o estado supercondutor é altamente suscetível ao ruído térmico, o que perturba a ordem eletrônica de longo alcance necessária para manter a supercondutividade, induzindo uma transição para um estado não supercondutor na temperatura crítica. Agora Samuel Denny e colegas da Universidade de Oxford, propõem que com pulsos de radiação terahertz, os supercondutores poderiam permitir que sejam transitoriamente resfriados, reduzindo o impacto do ruído térmico.

       Os autores consideram o cuprato um material supercondutor modelo formado por camadas duplas empilhadas, onde os fluxos de corrente são perpendiculares às camadas. O material é então submetido a uma onda electromagnética na faixa do terahertz que excita modos de vibração do material (fônons). Estes, por sua vez, transferem sua excitação para os plásmons (excitações coletivas de elétrons), convertendo sua frequência. Ajustando a frequência (terahertz) de condução, os pesquisadores calculam que este sistema pode funcionar como um refrigerador, bombeando ativamente o calor para fora dos plásmons de baixa frequência. Isso ajuda a proteger de ruído térmico a ordem de longo alcance dos materiais e pode fazer a supercondutividade mais “robusta”. Por exemplo, mais corrente pode ser transportada através do material sem quebrar o estado supercondutor.

       O método proposto foi estudado para supercondutores já resfriados abaixo de suas temperaturas de transição e apenas se mantém eficaz por alguns picosegundos após a terahertz de condução ter sido desligada. Mas os autores sugerem que estratégias semelhantes, com base em técnicas de arrefecimento a laser, um dia pode ajudar a aumentar a temperatura crítica de um determinado material.

 

 


 


 

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