Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Novo sistema para explorar a supercondutividade (New system for exploring superconductivity)




A descoberta, em 1986, de que um composto à base de cobre conduz eletricidade sem resistência a temperaturas muito mais altas do que os supercondutores convencionais abalou o mundo da física, pois parecia que o santo graal da supercondução à temperatura ambiente estava ao alcance. No entanto, desde a descoberta dos cupratos, a supercondutividade à temperatura ambiente parece um objetivo distante. Além disso, apesar de três décadas de esforço febril, os cientistas não compreendem completamente como os cupratos funcionam.
       Uma classe de materiais que poderia ajudar a desbloquear o mecanismo supercondutor dos cupratos é chamada isolante de Mott. De acordo com a convencional teoria de banda, esses materiais devem conduzir a eletricidade, mas as fortes interações entre seus elétrons fazem com que sejam isolantes. Contudo, eles podem exibir a supercondutividade pelo processo de dopagem com átomos específicos.
       Um dos principais enigmas envolvendo os cupratos (que são isolantes de Mott) é que eles se comportam de modo diferente a depender se eles são dopados com portadores de carga positiva ou negativa. Eles apresentam diferentes propriedades supercondutoras em diferentes condições de dopagem: dopantes com cargas positivas (‘buracos’) ou dopantes com cargas negativas. Os pesquisadores sondariam essa assimetria adicionando buracos ou elétrons a uma amostra, mas a complexa estrutura cristalina da maioria dos cupratos impede isso.
       Agora, Yoshitaka Kawasugi e seus colegas encontraram uma abordagem diferente - usando isolantes de Mott orgânicos em combinação com transistores de efeito de campo. A estrutura de banda mais simples desses cristais orgânicos torna mais fácil detectar a assimetria elétron-buraco. Além disso, podem ser dopados precisamente na mesma amostra aplicando um campo elétrico.


Os cálculos teóricos das propriedades elétricas de um isolante de Mott orgânico revelam que os efeitos assimétricos da dopagem podem agir como um degrau para a obtenção da supercondutividade a alta temperatura. (Imagem: Kazuhiro Seki, Laboratório de Física Computacional de Matéria Condensada RIKEN)


A equipe mediu como os elétrons se moviam no cristal em diferentes concentrações de buracos e de elétrons para várias temperaturas. Quando aplicaram um campo magnético, emergiu uma surpreendente assimetria - os ‘coeficientes Hall’, que quantificam as influências magnéticas, eram três vezes maiores no lado dopado com buracos.
“Quando vi essa assimetria pela primeira vez, achei que a experiência falhara”, lembra Kawasugi. “A dependência detalhada de doping também revelou que algo especial estava acontecendo”, observa.
       Cálculos teóricos ajudaram a descobrir a razão para esta anomalia – o excesso de doping com buraco provocou o estado de ‘pseudogap’. Esta é uma descoberta animadora uma vez que poderia indicar que a supercondutividade não está longe. “Pseudogaps podem ser precursores para o estado supercondutor se a temperatura de transição para o lado dopado com buraco for muito maior do que o caso dopado por elétrons”, diz Kawasugi. “A dopagem adicional de elétrons e buracos pode induzir essa supercondutividade não convencional”.




quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Físicos desvendam o comportamento dos supercondutores fortemente desordenados (Physicists unravel behavior of strongly disordered superconductors)



A diferença entre os supercondutores convencionais e supercondutores que exibem pseudogap. Em supercondutores convencionais, quando a temperatura está acima do valor crítico, a supercondutividade desaparece devido à quebra dos pares de Cooper, mas em supercondutores que exibem pseudogap isso acontece porque o arranjo desordenado começa a dificultar o deslocamento dos pares de Cooper, e tornam-se localizados em uma região particular da rede. Imagem: cortesia de MIPT Press Service.



    Os físicos Mikhail Feigel'man e Lev Ioffe explicaram o efeito incomum em um número de materiais supercondutores. Usando uma teoria que desenvolveram anteriormente, os cientistas conectaram a densidade de portadores supercondutor com as propriedades quânticas de uma substância.
       No artigo publicado pelos cientistas, eles discutem os chamados supercondutores de pseudogap. O termo gap aparece na teoria quântica da supercondutividade e é uma definição para a abertura característica em um diagrama de distribuição de energia do elétron, o espectro de energia. É feita uma distinção entre os supercondutores com um gap ‘convencional’ e supercondutores especiais, que mesmo em seu estado normal, demonstram algo semelhante a um gap - ele é chamado de pseudogap.



Pares de elétrons e supercondutividade

    A fim de entender o que é um gap, nós precisamos examinar brevemente a teoria por trás do termo. Atualmente, não existe um modelo completo que é capaz de explicar o fenômeno da supercondutividade em detalhes (e que nos permita, por exemplo, sintetizar um supercondutor capaz de funcionar à temperatura ambiente).
       No entanto, um modelo de sucesso que é o mais frequentemente usado é a teoria BCS, que foi desenvolvida por John Bardeen, Leon Cooper e John Robert Schrieffer. Na teoria BCS, um papel-chave é desempenhado por dois pares de Cooper - elétrons ligados juntamente com spins opostos.
       Estes pares são caracterizados por uma ligação muito fraca entre as partículas, e por outro lado, eles não interagem com a estrutura do cristal e, portanto, movem-se livremente dentro de uma substância e não perdem energia em colisões.
       Se um metal é aquecido até uma temperatura em que o movimento térmico das partículas não impeça a formação de pares de Cooper, estes pares podem mover-se sem perda de energia e, assim, fazem com que todo o espécime alcance o estado supercondutor.
A formação de pares de Cooper altera não apenas as propriedades elétricas de uma substância, mas também a distribuição da energia dos elétrons, o espectro de energia. O acoplamento dos pares resulta num gap característico, ou pseudogap dependendo das circunstâncias. Se a substância for supercondutora, após o resfriamento até à temperatura crítica, a supercondutividade é alcançada e ao mesmo tempo ocorre a formação dos pares de Cooper, que é chamado de gap. No entanto, se isto ocorre no diagrama do espectro de elétrons, após o resfriamento, mas a supercondutividade ainda não tiver sido atingida, o termo pseudogap é usado (o que significa que não é uma diferença ‘verdadeira’, e a sua formação não está ligada ao aparecimento de supercondutividade).
       Se esta substância é resfriada ainda mais, ela passa ao estado supercondutor e o gap no espectro aumenta, seu valor inclui tanto o pseudogap como o próprio gap supercondutor. As propriedades destes supercondutores são consideravelmente diferentes daquelas exibidas pelos supercondutores convencionais.



Pseudogap em um espectro de energia real. Imagem: Benjamin Sacepe (Neel Institute, Grenoble, França)



Supercondutores com um gap normal são bem descritos pela teoria BCS, que conecta explicitamente os pares de Cooper com a formação do gap no diagrama de distribuição de energia. De acordo com esta teoria, a densidade de corrente supercondutora é diretamente proporcional à magnitude do gap supercondutor. Mais pares de Cooper são formados por unidade de volume quanto maior a diferença no espectro de energia, ou seja, o tamanho do gap.
       Supercondutores com um pseudogap não se encaixam na teoria BCS, mas eles podem ser descritos utilizando a teoria proposta anteriormente por Mikhail Feigel'man, Lev Ioffe e seus colegas. Neste novo trabalho, os cientistas usaram sua teoria para calcular a dependência da densidade de corrente em supercondutores com a largura do pseudogap.



A chave está em desordem

    O estudo, a nível microscópico, da estrutura dos supercondutores que exibem pseudogap mostrou que estes materiais são fortemente desordenados. Isto significa que os seus átomos não estão dispostos em uma estrutura cristalina, ou a estrutura desta rede é fortemente prejudicada. Exemplos de supercondutores que exibem pseudogap são filmes finos de nitreto de titânio (em que a estrutura do cristal é comprometida em muitos lugares) e óxido de índio (que pode ser completamente amorfo, como o vidro).
       A desordem desempenha um papel fundamental porque a transição para um estado supercondutor não ocorre ao mesmo tempo da formação dos pares de Cooper. Os elétrons que estão ligados uns aos outros nestes materiais aparecem depois que a resistência elétrica desaparece, porque inúmeras variações na estrutura microscópica da substância a partir da ordem ideal pode impedir um par de Cooper, o qual em cristais ordenados move-se livremente, sem interferências.
       Deve-se ressaltar que os pares de Cooper em um supercondutor que exibe pseudogap não podem ser descritos como imóveis. Como resultado de efeitos quânticos, o seu comportamento é um pouco mais complexo: obedecendo o princípio da incerteza, eles não congelam imóveis em um lugar, mas “espalham-se” sobre uma grande distância (dezenas de distâncias interatômicas), em uma região finita. Se eles pudessem se mover, esta região iria cobrir toda a substância.
       Deduzir parâmetros elétricos de supercondutores com pseudogap a partir de propriedades quânticas é importante tanto do ponto de vista fundamental (os cientistas estão começando a ter uma melhor compreensão geral dos supercondutores), como prático. Os investigadores observam que usando o óxido de índio, um supercondutor com pseudogap típico, é possível criar um dispositivo quântico supercondutor que pode ser utilizado como um protótipo para um computador quântico.
       Tendo em consideração o movimento de pares de Cooper em uma substância com variados graus de desordem, os cientistas deduziram a dependência da densidade teórica de pares de Cooper na substância com a largura do pseudogap. Esta é uma característica importante, como é inversamente proporcional à indutância do filme (os materiais descritos são obtidos na forma de filme) no estado supercondutor. Filmes como estes com alta indutância e resistência zero são necessários para produzir qubits, as unidades fundamentais de dispositivos de computação quântica.
       Em supercondutores convencionais, a dependência da densidade de pares de Cooper com a largura do pseudogap é linear, contudo, nas substâncias testadas a dependência é quadrática. Este fato é fácil de verificar experimentalmente em um estudo mais detalhado, e, se isso acontecer, a teoria desenvolvida anteriormente pelos autores receberá uma confirmação adicional.








segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Desvendando complexas fases eletrônicas em um supercondutor (Unraveling the complex, intertwined electron phases in a superconductor)





Representação da onda de densidade de carga. Este padrão de halteres, cada uma representando o orbital em um átomo de oxigênio, pode parecer estático, mas se você olhar de perto, você verá que as cores dos orbitais mudam quando você se move da esquerda para a direita. Esta mudança de cor (amarelo, branco, azul, branco, amarelo, branco, azul ...) representa mudanças na densidade de carga (alto, médio, baixo, médio, alto, médio, baixo ...) que se move através do plano da esquerda para a direita. Crédito: Laboratório Nacional de Brookhaven




Uma equipe liderada por pesquisadores do Brookhaven National Laboratory e da Universidade de Cornell nos EUA identificou um arranjo chave de elétrons em um supercondutor de alta temperatura. O material é um membro da família dos cupratos, compostos supercondutores à base de cobre e oxigênio que são os principais candidatos para inúmeras aplicações de alto impacto.
O fenômeno que eles estudaram é conhecido como uma onda de densidade de elétrons. Ao contrário de outros elétrons no material que se movem livremente, a onda de densidade de elétrons é uma fase periódica, fixa que parece competir com e dificultar a fase supercondutora. Muitos pesquisadores acreditam que a onda de densidade é a chave para desvendar os cupratos: se eles compreenderem completamente a onda de densidade de elétrons, então podem ser capazes de determinar como suprimi-la ou removê-la para induzir a supercondutividade, possivelmente, até mesmo à temperatura ambiente. Mas, para atingir esse objetivo, eles devem primeiro obter uma compreensão completa das causas da onda de densidade de elétrons.
Este estudo é o primeiro a identificar as origens em escala atômica e influências que produzem a onda de densidade em cupratos. “Em um metal, você tem elétrons que vão em todas as direções, com uma vasta gama de energias e momentos. É quase como um gás de elétrons”, disse o cientista chefe do estudo, Séamus Davis, um de físico Brookhaven. “Qual desses elétrons fornecem os componentes que compõem o estado onda de densidade em cupratos? Fomos capazes de responder a esta pergunta. Nós identificamos tanto a energia e momentos dos elétrons relevantes”.

Outra peça do quebra-cabeça
Existem diversos membros conhecidos da família dos cupratos. O ‘melhor’ descoberto até agora funciona como um supercondutor a cerca de 140 K (-130 °C), aproximadamente a meio caminho entre o zero absoluto (-273 °C) e a temperatura ambiente (21 °C). Todos têm estruturas em camadas, com a supercondutividade ocorrendo nas camadas de óxido de cobre (CuO2), cada uma com apenas uma molécula de espessura. Além da fase supercondutora, estes materiais apresentam uma outra forma misteriosa de ordem eletrônica, chamada de “pseudogap”. Embora muito mal compreendida, em geral, a sua escala de energia característica, chamada de gap de energia, está bem estabelecida. O grupo do professor Davis e outros estudaram esta fase extensivamente.
No ano passado, juntamente com outros pesquisadores, a equipe estabeleceu a primeira ligação entre o desaparecimento da onda de densidade na fase pseudogap e a emergência, como afirma Davis, de “elétrons universalmente livres necessários para a supercondutividade irrestrita”.
Em trabalho mais recente, o resultado mais importante parece sugerir uma outra ligação íntima entre a onda de densidade de elétrons e a fase pseudogap: a energia característica de modulação da onda de densidade é igual à energia do pseudogap. Além disso, eles mostraram que os elétrons que compõem a onda de densidade de elétrons têm a característica dinâmica na qual o pseudogap aparece. A implicação fundamental é que o estado de pseudogap é de alguma forma o ‘pai’ do estado de onda de densidade.

Imagem de elétrons com elétrons
A nova abordagem experimental e o conceito do estudo em si foram concebidos depois de um dos autores do estudo, o físico teórico Subir Sachdev, considerar o comportamento da onda de densidade de elétrons diferente ao longo das diferentes ligações na célula unitária de CuO2.
“Ao olhar para alguns dos dados anteriores obtidos pelo grupo de Davis, notei que o comportamento dos elétrons era exclusivo para as ligações horizontais no plano CuO2, disse ele. “Eu me perguntei se isso poderia ser a onda de densidade de carga”.
Ele contatou Davis e eles começaram a projetar o experimento. Eles propuseram uma nova maneira de estudar um cuprato, que nenhum outro grupo havia tentado: uma potente técnica de imagem desenvolvida por Davis, chamada de imagem de sub-rede, é feita utilizando um microscópio de varredura por tunelamento (STM) capaz de determinar a estrutura eletrônica em diferentes subconjuntos de átomos no cristal, as chamadas sub-redes.
Um STM fotografa uma amostra usando elétrons; o tipo usado aqui pode ‘ver’ detalhes menores do que a célula unitária do cristal CuO2. Ele usa uma ponta metálica muito afiada, colocada extremamente perto da superfície da amostra, menos de um décimo de nanômetro de distância. Uma pequena voltagem é então aplicada através da ponta e da amostra, o que, por causa da sua proximidade, permite o tunelamento de elétrons através do espaço de vácuo entre a ponta e a amostra. A taxa de elétrons que passa através da ponta, ou em outras palavras, a corrente é uma medida da densidade de elétrons na fina região da amostra diretamente abaixo dela. Então, quando a ponta é passada através da superfície de amostra, cria-se uma imagem espacial da densidade de elétrons e, em separado, da rede cristalina.








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