Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Descoberta aumenta controle de supercondutividade em grafeno



Folha de grafeno (azul) girada em relação a outra folha (vermelho) sob efeito de um campo elétrico (verde)Crédito: Jose Lado


Além de transmitirem eletricidade sem resistência elétrica, os supercondutores interessam aos físicos pelos estranhos estados quânticos que os elétrons podem assumir no interior desses materiais. As propriedades desses estados exóticos podem servir de base para construir computadores quânticos, por exemplo. Infelizmente, ainda continua muito difícil a fabricação e controle das propriedades desses materiais. Um estudo teórico realizado pela brasileira Aline Ramires e o espanhol Jose Lado, no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), na Suíça, mostra como criar e controlar estados exóticos de elétrons em folhas de grafita com um átomo de espessura, um material mais conhecido como grafeno.
Podemos agora usar a estrutura mais simples e controlável do grafeno para estudar um tipo de física antes estudada apenas em sistemas muito complexos, diz Ramires, que desde setembro trabalha no Instituto Sul Americano para Pesquisa Fundamental (SAIFR-ICTP), no prédio do Instituto deFísica Teórica da UNESP, em São Paulo. A física é a primeira autora do artigo científico destacado na capa da primeira edição de outubro da revista Physical Review Letters.



Ramires explica que, a princípio, elétrons em estados exóticos só poderiam ser obtidos em grafeno aplicando no material um campo magnético de intensidade alta demais para se realizar em laboratório. No artigo publicado, os pesquisadores apresentam uma nova receita para produzir esses estados exóticos usando apenas um campo elétrico, relativamente mais fácil de ser gerado.
Pegue duas folhas de grafeno e coloque uma sobre a outra, perfeitamente alinhadas. Em seguida, gire apenas um pouquinho a folha de cima, não mais que um grau de rotação em relação à folha de baixo. Resfrie as folhas até a temperatura de 1 Kelvin (272 graus Celsius abaixo de zero) e depois aplique um campo elétrico. De acordo com os cálculos de Ramires e Lado, os elétrons se comportam nessas condições exatamente da mesma maneira que se comportariam caso as folhas de grafeno estivessem alinhadas e sob ação de um campo magnético.
Por coincidência, logo após a dupla de físicos publicar seus resultados em um manuscrito no repositório ArXiv, em março deste ano, um grupo de físicos liderado por Pablo Jarillo-Herrero, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Estados Unidos, apresentou resultados de experimentos com duas folhas de grafeno, mostrando que girar as folhas sob um campo elétrico até um determinado ângulo produz um estado supercondutor.
O estudo de Ramires e Lado, porém, sugere que girar uma folha em relação à outra por um ângulo cerca de dez vezes menor pode fazer com que os elétrons assumam ainda outros estados exóticos, além do estado supercondutor observado pela equipe do MIT. Em um desses outros estados, os elétrons podem ficar localizados no espaço em um arranjo que lembra o padrão geométrico de cestos de bambu tradicionais japoneses, o padrão kagome. Nesse estado os elétrons formam o que os físicos chamam de líquidos de spin, normalmente observados em pirocloros, materiais de composição química muito mais complicada que a do grafeno.
Enquanto uma equipe de físicos experimentais da ETH trabalha para confirmar suas conclusões em laboratório, Ramires continua sua investigação teórica para entender como campos elétricos controlam o surgimento de estados exóticos de supercondutividade no grafeno. Atualmente, esses estados exóticos são observados apenas em materiais chamados de cupratos. São óxidos de cobre com alguns de seus átomos de oxigênio substituídos por elementos químicos diferentes. Físicos estudam há mais de três décadas os cupratos, por serem materiais supercondutores a temperaturas relativamente altas, da ordem de 100 Kelvin. Ainda assim, os cupratos são muito complicados de serem sintetizados e suas propriedades ainda não são totalmente compreendidas. Estudar esses estados exóticos no grafeno talvez dê algumas dicas para entendermos melhor esses materiais mais complexos, diz Ramires.



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Grafeno transformado em um supercondutor (Wonder material graphene has been turned into a superconductor)




Estas folhas de grafeno foram cultivadas em um cristal de carbeto de silício (SiC). A equipe mostrou que, quando a temperatura atinge cerca de 4 K (-269 °C), a resistência elétrica do material despenca rapidamente - uma clara indicação da supercondutividade.


       Pesquisadores no Japão descobriram uma maneira de fazer o grafeno se tornar supercondutor. A nova propriedade contribui para a lista dos impressionantes atributos do grafeno, como o fato de ser mais forte do que o aço, mais duro que o diamante e incrivelmente flexível. Porém, ainda não há muitos motivos para comemorar: a supercondutividade no grafeno ocorreu a -269 °C, muito baixa para aplicações, por exemplo, em linhas de transporte de energia.
       Mas o que é interessante, é que esta pesquisa sugere que o grafeno pode ser usado para construir dispositivos eletrônicos de alta velocidade em escala nanométrica. Imaginem toda a eletricidade que poderia ser “salva” em computadores contendo pequenos circuitos de grafeno, capazes de ampliar o transporte de elétrons sem desperdício de energia.
       Para aqueles que não estão familiarizados com o grafeno, o material é uma camada de um átomo de espessura de carbono (grafite, o material que compõe o seu lápis), dispostos em um padrão hexagonal.
       Os elétrons dentro do grafeno exibem um estado especial chamado cone de Dirac, no qual se comportam como se não possuíssem massa. Isso tornar os elétrons muito rápidos, fazendo do grafeno um condutor muito eficiente, porém, ele não é um supercondutor.
       Agora, uma equipe da Universidade de Tohoku e da Universidade de Tóquio conseguiu verificar a supercondutividade no grafeno através da dopagem de átomos de cálcio entre duas folhas de grafeno.
       A supercondutividade geralmente ocorre com o emparelhamento de elétrons em pares de Cooper. Os pesquisadores ficaram estimulados por saberem que isso está ocorrendo em um material onde os elétrons se comportam como se não tivessem massa.
       No ano passado, os pesquisadores foram capazes de tornar o grafeno supercondutor, revestindo-o com lítio, mas a equipe japonesa já tinha alcançado a mesma coisa com o material em seu estado original.
       Eles mostraram que a supercondutividade não ocorre com as duplas camadas de grafeno sozinhas, ou quando as reveste com lítio, o que sugere que os átomos de cálcio são os responsáveis pela supercondutividade no grafeno dopado.
Se os pesquisadores descobrirem o que está acontecendo, serão capazes de ajustar o processo e encontrar uma maneira de conseguir a supercondutividade no grafeno em temperaturas mais altas.
Como mencionado anteriormente, é improvável que o grafeno seja usado para construir linhas de energia, mas pode revolucionar nossos computadores.
       “Os últimos resultados preparam o caminho para o desenvolvimento de nanodispositivos supercondutores de ultra-alta velocidade, como um dispositivo de computação quântica que utiliza supercondutor em seu circuito integrado”, segundo a universidade de Tohoku.






segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Domando os supercondutores com teoria de cordas (Taming Superconductors With String Theory)



Subir Sachdev tem usado a teoria de cordas para prever com precisão o comportamento dos supercondutores. Os resultados deverão ser publicadas na próxima edição da revista Science.




O físico Subir Sachdev usa ferramentas da teoria de cordas para entender o comportamento enigmático dos supercondutores. A teoria de cordas foi concebida como uma forma de unir as leis da mecânica quântica com a gravidade, visando criar a badalada “teoria de tudo”.
Por três décadas, os físicos têm sido incapazes de desenvolver uma teoria abrangente que explica como se comporta os elétrons em supercondutores de alta temperatura. Nestes materiais, os físicos procuram uma forma de impor a ordem coletiva sobre o comportamento dos elétrons.
Em 2007, Sachdev teve uma perspectiva surpreendente: ele percebeu que certas características da teoria de cordas correspondem à ‘sopa’ de elétrons encontrada em supercondutores de alta temperatura. Nos anos seguintes, Sachdev desenvolveu modelos da teoria de cordas que oferecem maneiras de investigar o comportamento dos elétrons em supercondutores de alta temperatura. Ele usou essas idéias para desenvolver experimentos em materiais como o grafeno. Agora, ele espera aplicar seus conhecimentos em supercondutores de alta temperatura.
Abaixo, segue uma entrevista de Sachdev para a Quanta Magazine. 

 

QUANTA MAGAZINE: O que acontece dentro de um supercondutor de alta temperatura?
Sachdev: A diferença entre materiais antigos e os novos materiais é que em materiais mais antigos, os elétrons conduzem eletricidade independentes um do outro. Eles obedecem ao princípio da exclusão, pelo qual elétrons não podem ocupar o mesmo estado quântico ao mesmo tempo e que se movem independentemente um do outro. Nos novos materiais, este modelo de elétrons independente falha. Eles se movem de forma cooperativa e suas propriedades quânticas estão conectadas.


Este entrelaçamento torna os supercondutores de alta temperatura muito mais complicados do que os supercondutores convencionais. Como você tem encarado o problema?
Geralmente eu abordo através da classificação das fases quânticas da matéria. Exemplos de fases quânticas simples são metais simples, como prata e ouro, ou isolantes simples como diamantes. Muitas dessas fases são bem compreendidas e aparecem em todos os lugares em nossa vida diária. Desde a descoberta dos supercondutores de alta temperatura, e muitos outros novos materiais, temos tentado compreender as outras propriedades físicas que podem surgir quando você tem trilhões de elétrons obedecendo princípios quânticos e também interagindo uns com os outros. Minha esperança é que o amplo ataque à classificação das fases quânticas da matéria levará a uma compreensão mais profunda dos supercondutores de alta temperatura.


Quão longe você foi?
Tem havido um grande progresso na compreensão da teoria das transições de fase quânticas, que envolve tomar duas fases quânticas da matéria que são muito diferentes entre si e ajustar alguns parâmetros - por exemplo, a pressão sobre um cristal - e verificar o que acontece quando o material vai de uma fase à outra. Tem havido uma enorme quantidade de progresso para uma ampla classe de transições de fase quânticas. Compreendemos agora muitos tipos diferentes de fases que não sabíamos que existiam.

 

Mas uma teoria completa de como os elétrons se comportam em supercondutores de alta temperatura têm sido difícil de desenvolver. Por quê?
Se você tem um único elétron se movendo através de uma rede, então só precisa se preocupar com as diferentes posições que o elétron pode ocupar. Mesmo que o número de posições seja grande, é algo que você pode simular em um computador. Mas quando você trabalha com muitos elétrons, deve raciocinar de maneira muito diferente. Uma forma de lidar com isso é imaginar que cada sítio da rede pode estar vazio ou cheio. Como N sítios corresponde a 2N, então as possibilidades são inimaginavelmente grandes. Nesse vasto conjunto de possibilidades, você deve classificar o que são coisas razoáveis ​​que um elétron tende a fazer. Em poucas palavras, é por isso que é um problema difícil.

 

Voltando às transições de fase, você passou muito tempo estudando o que acontece com um supercondutor de alta temperatura quando é aquecido. Neste ponto, ele se torna um “metal estranho.” Por que a compreensão de metais estranhos ajuda a entender supercondutores de alta temperatura?
Se você aumentar a temperatura de um material que se encontra no estado supercondutor, em algum momento a supercondutividade desaparece. Logo acima desta temperatura você observa um tipo de metal que chamamos de metal estranho, porque muitas de suas propriedades são diferentes de metais comuns. Agora imagine o caminho inverso, de modo que a fase de um sistema está mudando do estado ‘metal-estranho’ para o estado supercondutor. Se nós estamos determinando a temperatura em que isso acontece, precisamos comparar as energias dos estados quânticos em ambos os lados da temperatura crítica. Mas metais estranhos parecem estranhos em todos os aspectos, e nós temos apenas os modelos mais simples para as suas propriedades físicas.

 

O que torna os metais estranhos tão diferentes de outras fases quânticas?
Em certas fases, excitações (quânticas) geralmente se comportam como novas partículas emergentes. Elas são quasepartículas. Sua estrutura interna é muito complicada, mas do lado de fora elas se parecem com partículas comuns. A teoria da quasepartícula de muitos corpos se aplica praticamente a todos os estados que descobrimos nos materiais mais antigos. Metais estranhos são um dos casos mais proeminentes onde a teoria da quasepartícula falha. É por isso que é muito mais difícil estudá-los, porque esta ferramenta básica da teoria de muitos corpos não se aplica.

 

Você teve a ideia de que a teoria de cordas poderia ser útil na compreensão de fases quânticas que careciam das quasepartículas, como metais estranhos. Como a teoria de cordas é útil neste cenário?
Do meu ponto de vista, a teoria de cordas foi outra ferramenta matemática poderosa para entender um grande número de partículas quanticamente emaranhadas. Em particular, há certas fases da teoria de cordas em que você pode imaginar que as extremidades das cordas estão aderindo a uma superfície. Se você é uma formiga em movimento na superfície, você só vê as extremidades da corda. Para você, estas extremidades parecem partículas, mas realmente as partículas são conectados por uma corda que vai até uma dimensão extra. Para você, estas partículas que estão na superfície aparecerão emaranhadas, e é a corda na dimensão extra que está emaranhando as partículas. É uma maneira diferente de descrever emaranhamento.
Agora, você pode imaginar esse processo continuando não apenas com dois elétrons, mas com quatro, seis, muitos elétrons, em busca dos diferentes estados emaranhados que os elétrons podem formar. Isto está intimamente ligado com a classificação das fases da matéria. É uma descrição hierárquica de entrelaçamento, em que cada elétron encontra um parceiro, e, em seguida, os pares se emaranham com outros pares, e assim por diante. Você pode construir essa estrutura hierárquica utilizando a descrição de cordas. Por isso, é uma abordagem para falar sobre o emaranhamento de trilhões de elétrons.


Esta aplicação da teoria de cordas a metais estranhos tem algumas implicações interessantes. Por exemplo, ela levou a descrever conexões entre metais estranhos e as propriedades dos buracos negros. Como você vai de um para o outro?
No quadro geral da teoria de cordas, [alterar a densidade de elétrons] corresponde a colocar uma carga em um buraco negro. Muitas pessoas têm estudado isso nos últimos cinco anos ou mais - tentando compreender coisas sobre metais estranhos a partir das propriedades dos buracos negros carregados. Eu tenho um artigo recente em que eu encontrei um determinado modelo artificial de elétrons movendo-se em uma estrutura onde muitas propriedades correspondem precisamente às propriedades dos buracos negros carregados.


Eu li que Philip Anderson, considerado por muitos o físico mais influente da matéria condensada, é cético de que a teoria de cordas é realmente útil para entender metais estranhos. Você sabe se isso é verdade?
Eu acho que é verdade. Ele me disse que não acredita em nada disso, mas, você sabe, o que eu posso dizer, ele é um homem brilhante com seu próprio ponto de vista. Eu diria que quando propomos a ideia em 2007, ela certamente parecia loucura. Um grande progresso foi feito desde então. Eu tenho um novo artigo com Philip Kim e outros onde verifica-se que com o grafeno, que é um metal ligeiramente menos estranho, muitos dos métodos inspirados pela teoria de cordas levaram a previsões quantitativas que foram verificadas por meio de experimentos.
Eu acho que foi um dos melhores sucessos da teoria de cordas até o momento. Ela literalmente funciona, você pode obter os números corretos. Mas o grafeno é um sistema simples, e ainda não foi comprovado se esses métodos vão funcionar para supercondutores de alta temperatura.


Você poderia dizer mais sobre o por quê Anderson é cético em relação a abordagem que você adotou?
Se você olhar para os modelos da teoria de cordas, na superfície têm um aspecto muito diferente dos tipos de modelos que você precisa para supercondutores de alta temperatura. Você olha para os modelos de cordas e seus constituintes, e parece absurdo que estes estejam ligados aos constituintes dos supercondutores de alta temperatura. Mas se você tomar o ponto de vista que, ok, eu não estou dizendo literalmente que este modelo será encontrado em [supercondutores de alta temperatura], este é apenas um modelo que me ajuda a fazer progressos em questões difíceis, tipo como materiais sem quasepartículas se comportam, a teoria de cordas fornece exemplos de um desses materiais que é confiavelmente solucionável.

 

Como literalmente você está usando a teoria de cordas? É uma aplicação direta, ou você está se inspirando nela?
É mais inspiração. Uma vez que você resolve o modelo, ele fornece um monte de insights sobre outros modelos que você pode não ser capaz de resolver. Depois de seis ou sete anos trabalhando próximo da teoria de cordas, aprendemos bastante. Para nós, o próximo passo parece estar funcionando em sistemas mais realistas usando a inspiração que recebemos dos modelos mais solucionáveis.


Como podem os modelos da teoria de cordas, além do trabalho com o grafeno, colocá-lo em posição de compreender as propriedades de supercondutores de alta temperatura?
Quando você muda a densidade de elétrons em supercondutores de alta temperatura, há uma mudança muito mais dramática na qual os elétrons vão de um regime onde apenas alguns elétrons parecem se mover para outro em que todos os elétrons se movem. Estamos entendendo que há um ponto especial chamado a densidade ideal onde parece haver uma mudança dramática no estado quântico dos elétrons. E bem perto deste ponto é onde também se observa o metal estranho. Nós estamos tentando trabalhar fora das teorias microscópicas deste ponto especial onde o estado quântico muda, e modelos de corda podem nos ensinar muito sobre esses pontos quânticos críticos. Uma vez que tivermos o quadro completo, estamos esperançosos e otimistas de que podemos obter muitos insights do grafeno e aplicá-los a este modelo mais complicado. É onde estamos.




terça-feira, 8 de setembro de 2015

Grafeno supercondutor com átomos de lítio (Superconducting graphene breakthrough with lithium atoms)



Cientistas criaram o primeiro grafeno supercondutor usando revestimento de íons de lítio [Crédito: Universidade de British Columbia]


O primeiro grafeno supercondutor foi criado por pesquisadores canadenses usando revestimento átomo de lítio.
Adicionar a supercondutividade às propriedades já surpreendentes do grafeno irá expandir ainda mais o potencial uso do material, que é amplamente elogiado a um dia revolucionar a indústria de eletrônicos.
“Decorando a monocamada de grafeno com uma camada de átomos de lítio, há um aumento do acoplamento elétron-fônon do grafeno até o ponto onde a supercondutividade pode ser induzida”, disse Andrea Damascelli, diretor do Instituto de Matéria Quântica da Universidade de British Columbia, que liderou o estudo.
     A supercondutividade tinha sido observada em cristais de grafite tridimensionais intercalados com átomos de metais alcalinos. No entanto, alcançar o mesmo efeito em uma camada bidimensional de grafeno da espessura de um átomo tem sido até agora impossível.
     A equipe, que inclui cientistas do Instituto Max Planck para Pesquisas do Estado Sólido, obteve sucesso incorporando átomos de lítio na estrutura do grafeno em condições de ultra-alto vácuo e temperaturas tão baixas quanto -267 °C.
     Dado o interesse científico e tecnológico em amostras volumétricas de grafeno, a capacidade de induzir a supercondutividade em uma camada da espessura de um átomo pode ter impactos interdisciplinares significativos. De acordo com estudos recentes, o mercado global de grafeno chegou a US$ 9 milhões em 2014, com a maioria das vendas em semicondutores, eletrônica, bateria, energia e indústrias de compósitos.
     O grafeno, cerca de 200 vezes mais forte que o aço, é uma única camada de átomos de carbono arranjados em um padrão de favo de mel. O material foi isolado pela primeira vez em 2004 por pesquisadores da Universidade de Manchester, Andre Geim e Konstantin Novoselov.








terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Grafite revela suas faces supercondutora e ferromagnética (graphite reveals their superconducting face)




Com informações da Agência Fapesp - 07/01/2013
 O mundo vai mudar
          Alguns elementos químicos, como o mercúrio, o chumbo e as ligas à base de nióbio, são capazes de conduzir corrente elétrica sem resistência nem perdas quando submetidos a baixíssimas temperaturas - na ordem de menos 270 graus Celsius. São os chamados supercondutores.
    Tal propriedade permitiu o desenvolvimento de poderosos eletroímãs usados, por exemplo, em máquinas de ressonância magnética, espectrômetros de massa, aceleradores de partículas, trens de levitação magnética e redes inteligentes capazes de transportar energia elétrica com maior eficiência.
    A aplicação dessa tecnologia, no entanto, é limitada pela dificuldade e pelo custo do resfriamento extremo, geralmente feito com hélio ou nitrogênio líquido.
    A busca de materiais capazes de se comportar como supercondutores em temperatura ambiente, portanto, tem mobilizado cientistas de todo o mundo, entre eles Yakov Kopelevich, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O máximo que já se conseguiu no meio acadêmico foi fazer um supercondutor funcionar em torno de menos 100 graus Celsius. Se realmente encontrarmos um supercondutor que funcione em temperatura ambiente, o mundo vai mudar,” profetizou Kopelevich.

Devido aos custos de instalação e manutenção, o maior cabo supercondutor do mundo, instalado na Alemanha, tem pouco mais de 1 km de extensão. [Imagem: Nexans]

Grafite supercondutor
    Em 1999, Kopelevich observou evidências de supercondutividade no grafite - mineral composto por átomos de carbono - em uma faixa de temperatura que vai de menos 271 até 27 graus Celsius positivos.

  “A grande dificuldade é que, embora existam características supercondutoras no grafite, elas se encontram somente em alguns locais do material. Precisamos achar meios de extrair esses elementos e potencializar o fenômeno. Não é uma tarefa simples, mas já encontramos um caminho para realizá-la,” disse Kopelevich.

   O pesquisador vem trabalhando com um método conhecido como dopagem eletrostática, que consiste em aplicar um campo elétrico sobre o material para forçar a redistribuição da carga elétrica na superfície.
   “A ideia é trazer mais elétrons, que são os portadores de eletricidade, para a superfície do grafite. Aumentando a densidade de elétrons na superfície do material é possível induzir a supercondutividade”, explicou.
  Segundo Kopelevich, o Brasil possui uma das maiores e melhores reservas mundiais de grafite no Estado de Minas Gerais. “Se alcançarmos nosso objetivo, o Brasil será o melhor lugar para produzir supercondutores de grafite”, afirmou.

O magnetismo inesperado do grafite entusiasmou pesquisadores da área da spintrônica. [Imagem: Kees Flipse]

Ferromagnetismo no grafite
Embora sua principal linha de pesquisa seja no campo da supercondutividade, Kopelevich também se dedica a buscar meios de potencializar outra propriedade observada no grafite: o ferromagnetismo. Nesse caso, o fenômeno também está concentrado em algumas partes do material, mas a oxidação do mineral amplia o efeito. “Para isso, basta transformar o grafite em pó e expor ao oxigênio,” disse.
     O ferromagnetismo é importante para a produção de ímãs de diversos tipos - desde aqueles usados em geladeiras, como também os de motores, equipamentos eletrônicos, peças de computador, geradores e transformadores de energia. Há seis elementos naturais com propriedades ferromagnéticas e somente três que funcionam em temperatura ambiente: ferro, cobalto e níquel, explicou Kopelevich. “Acreditava-se que esse fenômeno só era possível em elementos pesados, mas o carbono é um elemento leve. Se conseguirmos potencializar sua propriedade ferromagnética, isso terá implicações enormes, por exemplo, na área de aviação e de exploração espacial,” afirmou.
     Kopelevich realiza as pesquisas com uma forma ultrapura do material, chamado grafite pirolítico altamente orientado (HOPG), mas acredita que a supercondutividade também pode ser induzida na forma desordenada ou amorfa, significativamente mais barata. “Com o método da dopagem eletrostática qualquer grafite pode apresentar essa propriedade”, disse.
     O grafite é uma das três formas alotrópicas do carbono. As outras duas são o diamante e o fulereno. O mineral é composto por múltiplas camadas de átomos de carbono - cada um desses planos é conhecido como grafeno.


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