A próxima
tarefa do LHC
será tentar decifrar o mistério da matéria escura, o material invisível e
indetectável de que é feito cerca de 27% do Universo.
A Organização
Europeia para Pesquisa Nuclear (European
Organization for Nuclear Research - CERN),
em Genebra, anunciou neste domingo a reabertura do LHC (Large Hadron
Collider), uma enorme máquina subterrânea onde dois feixes de
partículas de altas energias colidem a velocidades próximas a da luz para
tentar reproduzir o que se passou a seguir à criação do Universo, há 13.800
milhões de anos. Esteve dois anos parado, para obras de manutenção e renovação.
O LHC tinha
reabertura prevista para o mês passado, mas um curto-circuito num dos eletromagnetos
principais, detectado em 21 de março, adiou a operação. Esta manhã, os
engenheiros do acelerador enviaram dois feixes de prótons (partículas subatômicas
com cargas positivas, que se encontram no núcleo atômico) nos tubos do túnel a
100 metros de profundidade, na fronteira entre a Suíça e a França, com 27 quilômetros
de circunferência do LHC.
Nestes
tubos, os prótons são lançados em sentidos opostos para colidirem uns contra
outros, guiados pelos ímãs supercondutores,
que produzem um campo magnético que conduz as partículas. Atingem altíssimas
velocidades e altas energias. Nestas colisões são criadas novas partículas, que
são detectadas por sensores e analisadas pelos cientistas.
No primeiro
período de funcionamento, entre 2010 e 2013, foi detectado o bóson de Higgs - a
tão procurada partícula que permite explicar porque todas as outras adquirem
massa. Detectá-la era o principal objetivo da construção do LHC. Era a
última peça que faltava para confirmar o Modelo Padrão, a teoria que descreve
as partículas fundamentais e as forças que exercem entre elas. A descoberta foi
anunciada em 4 de Julho de 2012.
Um dos
esforços nesta próxima fase é tentar investigar a natureza da matéria escura e
da energia escura, que juntas constituem 95% do Universo (os 5% restantes
correspondem à matéria que conhecemos, os átomos que formam as estrelas, os
planetas e as pessoas). No entanto, a matéria e a energia escuras só são
detectadas pela influência que têm na matéria normal.
Após as
obras de renovação, o acelerador de partículas do CERN funcionará com uma energia muito
maior, produzindo colisões de 13 TeV (teraelétrons-volt), em vez dos 8 TeV que
alcançou na primeira fase. Este aumento permitirá aos cientistas ampliar o campo
de investigação para procurar novas partículas subatômicas e validar ou não
certas teorias, como as relativas à matéria e energia escuras, explica o CERN, em comunicado.