Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Pesquisadores criam o primeiro supercondutor auto-montado (Researchers create first self-assembled superconductor)





O Grupo Wiesner da Universidade de Cornell sintetizou pela primeira vez um supercondutor nanoestruturado obtido via processos de auto-montagem. A figura apresenta um ímã levitando sobre um supercondutor à base de bismuto, com imagens da microscopia eletrônica e de simulações do material nanoestruturado. Crédito: Universidade de Cornell

 
Com quase duas décadas de pesquisa, uma equipe multidisciplinar da Universidade de Cornell desbravou um novo caminho, criando um supercondutor tridimensional auto-montado.
Ulrich Wiesner, professor de ciência e engenharia dos materiais, que lidera o grupo, diz que é a primeira vez que um supercondutor, o nitreto de nióbio (NbN), tem uma estrutura porosa auto-montada. A estrutura obtida é cúbica complexa baseada em uma superfície que divide o espaço em dois volumes separados que são interpenetrantes e contêm várias espirais. Os poros e o material supercondutor possuem dimensões de cerca de 10 nanômetros, o que poderia levar a perfis de propriedades inteiramente novas de supercondutores.
Atualmente, a supercondutividade para usos práticos como em imagens de ressonância magnética (MRI) e reatores de fusão, só é possível a quase zero absoluto de temperatura (-459.67° Fahrenheit), embora experimentos já tenham alcançado -70 °C (-94 °F).
Wiesner almejava há mais de duas décadas obter um supercondutor com a estrutura cúbica complexa, a fim de explorar como isso afetaria as propriedades supercondutoras. A dificuldade estava em descobrir uma maneira de sintetizar o material. O avanço foi alcançado com a decisão de usar o NbN.
O grupo de Wiesner começou usando copolímeros orgânicos para estruturar o óxido de nióbio (Nb2O5) em redes tridimensionais alternadas. O grupo construiu duas estruturas de rede entrelaçadas, então removeu uma delas por aquecimento a 450 graus.
A descoberta da equipe contou com um pouco de ‘sorte’, disse Wiesner. Na primeira tentativa para alcançar a supercondutividade, o óxido de nióbio (sob uma corrente de amoníaco para a conversão para o nitreto) foi aquecido a uma temperatura de 700 graus. Depois de esfriar o material até à temperatura ambiente, determinou-se que a supercondutividade não tinham sido atingida. O mesmo material foi, em seguida, aquecido a 850 graus, resfriado e testado, e a supercondutividade tinha sido alcançada.
Wiesner disse que o grupo não é capaz de explicar por que o aquecimento, resfriamento e reaquecimento funciona, mas “é algo que nós estamos investigando”, acrescentou.
Estudos anteriores em supercondutores nanoestruturados foram limitados, em parte, à falta de material adequado para o teste. O trabalho da equipe de Wiesner é o primeiro passo em direção a investigações nesta área.
“Estamos dizendo à comunidade, 'Ei, estes materiais podem ajudar a gerar estruturas supercondutoras completamente novas, que podem ter novas propriedades. Vale a pena olhar para isso’”, disse Wiesner.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Domando os supercondutores com teoria de cordas (Taming Superconductors With String Theory)



Subir Sachdev tem usado a teoria de cordas para prever com precisão o comportamento dos supercondutores. Os resultados deverão ser publicadas na próxima edição da revista Science.




O físico Subir Sachdev usa ferramentas da teoria de cordas para entender o comportamento enigmático dos supercondutores. A teoria de cordas foi concebida como uma forma de unir as leis da mecânica quântica com a gravidade, visando criar a badalada “teoria de tudo”.
Por três décadas, os físicos têm sido incapazes de desenvolver uma teoria abrangente que explica como se comporta os elétrons em supercondutores de alta temperatura. Nestes materiais, os físicos procuram uma forma de impor a ordem coletiva sobre o comportamento dos elétrons.
Em 2007, Sachdev teve uma perspectiva surpreendente: ele percebeu que certas características da teoria de cordas correspondem à ‘sopa’ de elétrons encontrada em supercondutores de alta temperatura. Nos anos seguintes, Sachdev desenvolveu modelos da teoria de cordas que oferecem maneiras de investigar o comportamento dos elétrons em supercondutores de alta temperatura. Ele usou essas idéias para desenvolver experimentos em materiais como o grafeno. Agora, ele espera aplicar seus conhecimentos em supercondutores de alta temperatura.
Abaixo, segue uma entrevista de Sachdev para a Quanta Magazine. 

 

QUANTA MAGAZINE: O que acontece dentro de um supercondutor de alta temperatura?
Sachdev: A diferença entre materiais antigos e os novos materiais é que em materiais mais antigos, os elétrons conduzem eletricidade independentes um do outro. Eles obedecem ao princípio da exclusão, pelo qual elétrons não podem ocupar o mesmo estado quântico ao mesmo tempo e que se movem independentemente um do outro. Nos novos materiais, este modelo de elétrons independente falha. Eles se movem de forma cooperativa e suas propriedades quânticas estão conectadas.


Este entrelaçamento torna os supercondutores de alta temperatura muito mais complicados do que os supercondutores convencionais. Como você tem encarado o problema?
Geralmente eu abordo através da classificação das fases quânticas da matéria. Exemplos de fases quânticas simples são metais simples, como prata e ouro, ou isolantes simples como diamantes. Muitas dessas fases são bem compreendidas e aparecem em todos os lugares em nossa vida diária. Desde a descoberta dos supercondutores de alta temperatura, e muitos outros novos materiais, temos tentado compreender as outras propriedades físicas que podem surgir quando você tem trilhões de elétrons obedecendo princípios quânticos e também interagindo uns com os outros. Minha esperança é que o amplo ataque à classificação das fases quânticas da matéria levará a uma compreensão mais profunda dos supercondutores de alta temperatura.


Quão longe você foi?
Tem havido um grande progresso na compreensão da teoria das transições de fase quânticas, que envolve tomar duas fases quânticas da matéria que são muito diferentes entre si e ajustar alguns parâmetros - por exemplo, a pressão sobre um cristal - e verificar o que acontece quando o material vai de uma fase à outra. Tem havido uma enorme quantidade de progresso para uma ampla classe de transições de fase quânticas. Compreendemos agora muitos tipos diferentes de fases que não sabíamos que existiam.

 

Mas uma teoria completa de como os elétrons se comportam em supercondutores de alta temperatura têm sido difícil de desenvolver. Por quê?
Se você tem um único elétron se movendo através de uma rede, então só precisa se preocupar com as diferentes posições que o elétron pode ocupar. Mesmo que o número de posições seja grande, é algo que você pode simular em um computador. Mas quando você trabalha com muitos elétrons, deve raciocinar de maneira muito diferente. Uma forma de lidar com isso é imaginar que cada sítio da rede pode estar vazio ou cheio. Como N sítios corresponde a 2N, então as possibilidades são inimaginavelmente grandes. Nesse vasto conjunto de possibilidades, você deve classificar o que são coisas razoáveis ​​que um elétron tende a fazer. Em poucas palavras, é por isso que é um problema difícil.

 

Voltando às transições de fase, você passou muito tempo estudando o que acontece com um supercondutor de alta temperatura quando é aquecido. Neste ponto, ele se torna um “metal estranho.” Por que a compreensão de metais estranhos ajuda a entender supercondutores de alta temperatura?
Se você aumentar a temperatura de um material que se encontra no estado supercondutor, em algum momento a supercondutividade desaparece. Logo acima desta temperatura você observa um tipo de metal que chamamos de metal estranho, porque muitas de suas propriedades são diferentes de metais comuns. Agora imagine o caminho inverso, de modo que a fase de um sistema está mudando do estado ‘metal-estranho’ para o estado supercondutor. Se nós estamos determinando a temperatura em que isso acontece, precisamos comparar as energias dos estados quânticos em ambos os lados da temperatura crítica. Mas metais estranhos parecem estranhos em todos os aspectos, e nós temos apenas os modelos mais simples para as suas propriedades físicas.

 

O que torna os metais estranhos tão diferentes de outras fases quânticas?
Em certas fases, excitações (quânticas) geralmente se comportam como novas partículas emergentes. Elas são quasepartículas. Sua estrutura interna é muito complicada, mas do lado de fora elas se parecem com partículas comuns. A teoria da quasepartícula de muitos corpos se aplica praticamente a todos os estados que descobrimos nos materiais mais antigos. Metais estranhos são um dos casos mais proeminentes onde a teoria da quasepartícula falha. É por isso que é muito mais difícil estudá-los, porque esta ferramenta básica da teoria de muitos corpos não se aplica.

 

Você teve a ideia de que a teoria de cordas poderia ser útil na compreensão de fases quânticas que careciam das quasepartículas, como metais estranhos. Como a teoria de cordas é útil neste cenário?
Do meu ponto de vista, a teoria de cordas foi outra ferramenta matemática poderosa para entender um grande número de partículas quanticamente emaranhadas. Em particular, há certas fases da teoria de cordas em que você pode imaginar que as extremidades das cordas estão aderindo a uma superfície. Se você é uma formiga em movimento na superfície, você só vê as extremidades da corda. Para você, estas extremidades parecem partículas, mas realmente as partículas são conectados por uma corda que vai até uma dimensão extra. Para você, estas partículas que estão na superfície aparecerão emaranhadas, e é a corda na dimensão extra que está emaranhando as partículas. É uma maneira diferente de descrever emaranhamento.
Agora, você pode imaginar esse processo continuando não apenas com dois elétrons, mas com quatro, seis, muitos elétrons, em busca dos diferentes estados emaranhados que os elétrons podem formar. Isto está intimamente ligado com a classificação das fases da matéria. É uma descrição hierárquica de entrelaçamento, em que cada elétron encontra um parceiro, e, em seguida, os pares se emaranham com outros pares, e assim por diante. Você pode construir essa estrutura hierárquica utilizando a descrição de cordas. Por isso, é uma abordagem para falar sobre o emaranhamento de trilhões de elétrons.


Esta aplicação da teoria de cordas a metais estranhos tem algumas implicações interessantes. Por exemplo, ela levou a descrever conexões entre metais estranhos e as propriedades dos buracos negros. Como você vai de um para o outro?
No quadro geral da teoria de cordas, [alterar a densidade de elétrons] corresponde a colocar uma carga em um buraco negro. Muitas pessoas têm estudado isso nos últimos cinco anos ou mais - tentando compreender coisas sobre metais estranhos a partir das propriedades dos buracos negros carregados. Eu tenho um artigo recente em que eu encontrei um determinado modelo artificial de elétrons movendo-se em uma estrutura onde muitas propriedades correspondem precisamente às propriedades dos buracos negros carregados.


Eu li que Philip Anderson, considerado por muitos o físico mais influente da matéria condensada, é cético de que a teoria de cordas é realmente útil para entender metais estranhos. Você sabe se isso é verdade?
Eu acho que é verdade. Ele me disse que não acredita em nada disso, mas, você sabe, o que eu posso dizer, ele é um homem brilhante com seu próprio ponto de vista. Eu diria que quando propomos a ideia em 2007, ela certamente parecia loucura. Um grande progresso foi feito desde então. Eu tenho um novo artigo com Philip Kim e outros onde verifica-se que com o grafeno, que é um metal ligeiramente menos estranho, muitos dos métodos inspirados pela teoria de cordas levaram a previsões quantitativas que foram verificadas por meio de experimentos.
Eu acho que foi um dos melhores sucessos da teoria de cordas até o momento. Ela literalmente funciona, você pode obter os números corretos. Mas o grafeno é um sistema simples, e ainda não foi comprovado se esses métodos vão funcionar para supercondutores de alta temperatura.


Você poderia dizer mais sobre o por quê Anderson é cético em relação a abordagem que você adotou?
Se você olhar para os modelos da teoria de cordas, na superfície têm um aspecto muito diferente dos tipos de modelos que você precisa para supercondutores de alta temperatura. Você olha para os modelos de cordas e seus constituintes, e parece absurdo que estes estejam ligados aos constituintes dos supercondutores de alta temperatura. Mas se você tomar o ponto de vista que, ok, eu não estou dizendo literalmente que este modelo será encontrado em [supercondutores de alta temperatura], este é apenas um modelo que me ajuda a fazer progressos em questões difíceis, tipo como materiais sem quasepartículas se comportam, a teoria de cordas fornece exemplos de um desses materiais que é confiavelmente solucionável.

 

Como literalmente você está usando a teoria de cordas? É uma aplicação direta, ou você está se inspirando nela?
É mais inspiração. Uma vez que você resolve o modelo, ele fornece um monte de insights sobre outros modelos que você pode não ser capaz de resolver. Depois de seis ou sete anos trabalhando próximo da teoria de cordas, aprendemos bastante. Para nós, o próximo passo parece estar funcionando em sistemas mais realistas usando a inspiração que recebemos dos modelos mais solucionáveis.


Como podem os modelos da teoria de cordas, além do trabalho com o grafeno, colocá-lo em posição de compreender as propriedades de supercondutores de alta temperatura?
Quando você muda a densidade de elétrons em supercondutores de alta temperatura, há uma mudança muito mais dramática na qual os elétrons vão de um regime onde apenas alguns elétrons parecem se mover para outro em que todos os elétrons se movem. Estamos entendendo que há um ponto especial chamado a densidade ideal onde parece haver uma mudança dramática no estado quântico dos elétrons. E bem perto deste ponto é onde também se observa o metal estranho. Nós estamos tentando trabalhar fora das teorias microscópicas deste ponto especial onde o estado quântico muda, e modelos de corda podem nos ensinar muito sobre esses pontos quânticos críticos. Uma vez que tivermos o quadro completo, estamos esperançosos e otimistas de que podemos obter muitos insights do grafeno e aplicá-los a este modelo mais complicado. É onde estamos.




domingo, 31 de janeiro de 2016

International Conference on Superconductivity and Magnetism - ICSM 2016







5th International Conference on Superconductivity and Magnetism- ICSM2016.

Local: Fethiye/Blue Lagoon (Ölüdeniz).

Data: 24th – 30th April, 2016.

Site: http://icsm2016.org/




quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Determinando a temperatura crítica de um supercondutor de alta temperatura (Determining the Superconducting Transition Temperature of High Temperature Superconductor Tape)


Os detalhes de um experimento para medir a temperatura crítica (TC) de supercondutores são fornecidos neste artigo. Para o experimento, o sistema criogênico OptistatDry da Oxford Instruments foi equipado com uma opção de amostra desmontável e integrado com um amplificador de frequência média da Zurique Instruments. O experimento demonstrou que a plataforma criogênica exibe adaptabilidade, controlabilidade e capacidade para resolver pequenos sinais enquanto evita o ruído de fundo.
O arranjo experimental é mostrado na figura 1 a seguir.



Figura 1. Setup do amplificador MFLI e do criostato OptistatDry.


Um suporte de cobre foi usado para montar a fita de 500 milímetros de YBCO (Figura 2).



Figura 2. Bobina de YBCO montada sobre o disco de amostra


Derivações de tensão foram aplicadas sobre a fita. Terminais de alimentação foram adicionados na extremidade da fita para passar a corrente de excitação. Um sensor e um aquecedor foram montados no disco da amostra.
     O controle MercuryiTC do sistema permite varreduras simultâneas do trocador de calor e temperaturas da amostra em taxas específicas que são escolhidas pelo usuário. A varredura da temperatura foi realizada em 0.1, 0.05 e 0.01 K/min sobre a região de transição, a fim de obter a temperatura de transição supercondutora do YBCO. O MFLI desempenhou um papel duplo neste experimento. Foi um gerador de função de baixa distorção e um amplificador que recuperou pequenas respostas demoduladas. O sinal de entrada foi monitorado em tempo real com a ajuda do MFLI.
Embora o sistema OptistatDry seja personalizado para lidar com pequenas amostras, o dispositivo pode ser estendido para trabalhar com amostras maiores. Como a Figura 3 mostra, a transição supercondutora (Tc) ocorre ao longo de um intervalo de temperatura devido ao gradiente de temperatura que existe entre a bobina de YBCO relativamente grande (diâmetro de 40 milímetros). A estrutura granular do YBCO é exposta pelas varreduras rápidas de temperatura. Quando a temperatura de loop do YBCO aumenta, os domínios parecem mudar seu estado em grupos de avalanche.



Figura 3. Propagação do estado supercondutor através do YBCO quando a amostra é aquecida a diferentes taxas de aquecimento. A menor tensão de excitação aplicad foi pela 100 mK/min.


Para obter mais controle e resolução da transição, uma varredura gradual da temperatura é necessária, que pode ser feita com exatidão e precisão pelo controlador MercuryiTC.
     Determinar a Tc de um material usando o método de medição de 4 fios não é ideal, mas o experimento teve como objetivo ilustrar as características de adaptabilidade e de medição do OptistatDry integrado ao sistema MFLI. Uma vez que teria sido um desafio resolver os pequenos sinais com uma técnica resistividade DC, uma técnica CA com um amplificador MFLI foi usada em vez disso. Esta técnica foi capaz de chegar a uma base de ruído de aproximadamente 12μV. Uma frequência de medida ideal de 117 Hz foi escolhida de forma a minimizar componentes harmônicas mais altas e evitar qualquer grande mudança de fase entre os sinais de excitação e de medição. A distorção harmônica e a entrada MFLI pode ser medida simultaneamente usando um multi-demodulador. Este arranjo permitiu o uso do mesmo método de medição para determinar se a corrente de excitação através da amostra de YBCO foi 104  mA a uma temperatura de 91 K. A resistividade estado normal da fita de comprimento foi 3x10-8 Ωm.
     O experimento demonstrou a transição supercondutora do YBCO em diferentes taxas de aquecimento. Medições diferenciais de várias propriedades físicas podem ser realizadas num amplo intervalo de temperaturas e a modulação de condução com base na configuração criogênica e instrumentação. Em adição, multi-desmodulador e informação de fase em frequências harmônicas superiores ou múltiplas pode ser obtida simultaneamente, sem alterar qualquer hardware. Isso permite maior flexibilidade em projetar experimentos de baixa temperatura.




segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Detectando um único fóton com maior precisão pelo uso de materiais supercondutores (Superconductor Ups Single-Photon Detection Accuracy)






Micrografia de um detector de fóton feito de nanofios supercondutores de siliceto de molibdênio (MoSi). A imagem tem cerca de 35 micrômetros de largura. Cortesia de Verma/NIST.



O aprimoramento da tecnologia de detector de um único fóton feito de nanofios supercondutores oferece reduzido ‘jitter’ temporal com sistemas de refrigeração menos exigentes. Esta maior precisão a uma temperatura mais elevada faz com que o novo detector seja útil para comunicações de pesquisa e experimentos envolvendo emaranhamento quântico e teletransporte.
Pesquisadores do NIST usaram um feixe de elétrons para modelar nanofios em uma película fina feita de siliceto de molibdênio (MoSi),  um supercondutor cerâmico tolerante ao calor. Pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça e do Jet Propulsion Laboratory, também contribuíram com o trabalho.
O pequeno impulso de energia que ocorre quando um único fóton atinge o dispositivo é suficiente para fazer os nanofios perderem brevemente a sua capacidade supercondutora e tornam-se condutores normais, sinalizando o evento. Detectores de nanofios são super rápido, contando dezenas de milhões de fótons por segundo, e gerando poucas contagens falsas.
Jitter é definido como incerteza no tempo de chegada de um fóton. A criação de um sistema com menos jitter significa que os fótons podem ser espaçados mais estreitamente juntos, mas ainda serem corretamente detectados. Isso poderia permitir a comunicação com taxas de bits mais elevadas, com mais informações transmitidas no mesmo período.
Usando mais corrente elétrica do que um projeto de 2011 baseado em liga de tungstênio-silício, o novo detector reduz os jitters pela metade, de cerca de 150 ps para 76 ps. A absorção de luz e a eficiência foram reforçadas pela incorporação do detector em uma cavidade feita de espelhos de ouro e camadas de outros materiais não reativos. A eficiência de 87% foi demonstrada em 1542 nm, um comprimento de onda usado em telecomunicações. Os dispositivos de tungstênio-silício exibem 93% eficiência. Além disso, o novo detector pode funcionar a 2.3 K, enquanto que o detector de tungstênio-silício exige resfriamento de < 1 K.
“A temperatura de funcionamento mais elevada do MoSi, torna esses dispositivos promissores para uso generalizado devido aos recursos de criogenia menos dispendiosos para a sua operação”, escreveu o pesquisador em Optics Express (doi: 10,1364/OE.23.033792 ).







terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Controle de elétrons produz supercondutividade



Redação do Site Inovação Tecnológica -  08/01/2016


Os elétrons foram controlados dentro do material monocamada por campos elétricos e magnéticos aplicados externamente. [Imagem: L. J. Li et al. - 10.1038/nature16175]


Físicos desenvolveram uma forma de usar campos elétricos e magnéticos externos para controlar elétrons de forma seletiva no interior de materiais com espessura atômica.
       Embora toda a tecnologia moderna, dos motores e lâmpadas aos computadores, funcione com base na eletricidade, aproveitando o fluxo de elétrons, manipular elétrons individualmente é outra história - com tantas outras possibilidades de aplicações.
       “Os elétrons não são só pequenos e rápidos, eles naturalmente se repelem devido à sua carga elétrica. Eles obedecem às estranhas leis da física quântica, tornando-se difícil controlar seu movimento diretamente,” explica o físico brasileiro Antônio Hélio de Castro Neto, atualmente na Universidade Nacional de Cingapura.

Dopagem química
       Hoje, para controlar o comportamento dos elétrons, os materiais semicondutores necessitam de uma dopagem química, onde pequenas quantidades de outro material são incorporadas para liberar ou para absorver elétrons, criando uma mudança na concentração de elétrons que pode ser usada para dirigir correntes elétricas - é como se "gotas" de elétrons fossem usadas para controlar "rios" de elétrons.
       Ocorre que a dopagem química tem limitações quando não se trata mais de lidar com rios, ou mesmo enxurradas de elétrons, mas apenas com alguns deles, como é necessário nas pesquisas de supercondutores, computação quântica ou mesmo em experimentos de física fundamental.
       Isso porque a dopagem gera mudanças químicas irreversíveis no material que está sendo estudado. Além dos átomos dopantes perturbarem a ordem natural do material original - sua estrutura cristalina -, eles geralmente mascaram importantes estados eletrônicos do material puro.
       Hoje já se sabe, por exemplo, que até mesmo a adição de um único átomo a outro material pode mudar dramaticamente suas propriedades, o que tem sido visto como uma grande oportunidade de abertura de novas fronteiras tecnológicas.


O experimento chamou a atenção da comunidade ao gerar supercondutividade de forma controlada e reversível. [Imagem: L. J. Li et al. - 10.1038/nature16175]


Gerando supercondutividade
       A equipe conseguiu replicar os efeitos da dopagem utilizando apenas campos elétricos e magnéticos externos aplicados a um material monoatômico, o disseleneto de titânio (TiSe2), incorporado em uma amostra de nitreto de boro (hBN).
       O controle do comportamento dos elétrons foi feito com precisão e de forma reversível, permitindo que os físicos executassem medições que até agora eram estritamente teóricas.
       A finura dos dois materiais é crucial para o efeito ao confinar os elétrons dentro de uma camada bidimensional, onde os campos elétricos e magnéticos apresentam um efeito forte e uniforme.
       “Em particular, nós conseguimos levar o material a um estado de supercondutividade, no qual os elétrons se movem através do material sem qualquer perda de calor ou energia,” disse o professor Castro Neto.
       Como são atomicamente finos, os materiais supercondutores bidimensionais podem ter vantagens em relação aos supercondutores tradicionais em aplicações como equipamentos médicos de ressonância magnética (MRI) menores e até portáteis.


Bibliografia:

Controlling many-body states by the electric-field effect in a two-dimensional material. L. J. Li, E. C. T. O Farrell, K. P. Loh, G. Eda, B. Özyilmaz, A. H. Castro Neto. Nature. Vol.: Published online. DOI: 10.1038/nature16175.



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