Com
informações da BBC - 26/08/2013
Reator de fusão nuclear
começará a ser montado
Aqui serão montados os
ímãs em forma de anel, capazes de conter a energia sem que o plasma toque nas
paredes metálicas do reator. [Imagem: ITER]
Fusão
nuclear
O maior projeto para o desenvolvimento de
uma fonte de energia por meio da fusão nuclear começará a ser montado para
valer. Terminadas as estruturas civis básicas, começaram a chegar os primeiros
dos cerca de um milhão de componentes necessários para a construção do reator
experimental.
Há vários projetos tentando dominar a
energia das estrelas, mas o ITER (Reator Internacional TermonuclearExperimental) é o maior deles. Após os problemas iniciais de projeto e
dificuldades em coordenar um projeto internacional sem similares, agora há
menos desconfiança quanto ao cumprimento do cronograma, que está dois anos
atrasado.
Desde os anos 1950, a fusão nuclear
oferece o sonho da energia praticamente inesgotável. O objetivo é recriar o
processo que gera a energia do Sol, usando como combustível duas formas de
hidrogênio, os isótopos deutério e trício, ou trítio.
Magnetos do campo poloidal
do ITER. [Imagem: ITER]
O interesse no desenvolvimento desse tipo
de processo se explica pelo uso de um combustível barato (os isótopos), pelo
pouco resíduo radioativo que produz e pela não emissão de gases do efeito
estufa. Mas os desafios técnicos, tanto de lidar com um processo tão extremo
quanto de projetar formas de extrair energia dele, sempre foram imensos.
De tão difícil de ser recriada
artificialmente, críticos da ideia afirmam que a fusão nuclear "estará sempre 30 anos no futuro".
O reator do ITER pretende colocar isso à
prova. De um tipo conhecido como "tokamak", o reator é baseado no
JET, um projeto-piloto europeu, e prevê a criação de um plasma superaquecido,
com temperaturas de até 200 milhões de graus Celsius, calor suficiente para
forçar os átomos de deutério e trítio a se fundir e liberar energia. O processo
deverá ocorrer dentro de um enorme campo magnético em formato de anel - a única
forma como um calor tão extremo ser contido.
O JET conseguiu realizar reações de fusão
em pulsos muito curtos, mas o processo exigiu mais energia do que foi capaz de
produzir. No ITER, o reator está em uma escala muito maior e foi projetado para
gerar dez vezes mais energia (500 MW) do que consumirá.
Cerca de 420 toneladas de
fios supercondutores de nióbio-titânio já foram fabricados - mais de 90% do
total necessário. [Imagem: ITER]
Reatores
do futuro
O orçamento total do projeto é incerto e
tem variado, para cima, ao longo dos anos - hoje as estimavas estão em €15
bilhões (cerca de R$ 45 bilhões). Ainda que haja um cronograma bem definido
para a entrega das peças mais importantes - algumas chegam a pesar 600
toneladas - a divisão de sua fabricação entre os países membros provavelmente
será motivo de novos atrasos.
Os planos atuais preveem os primeiros
testes da fusão nuclear em 2020. Partindo do pressuposto de que o ITER consiga
realizar uma fusão que gere mais energia do que consome, o passo seguinte será
a construção de um projeto de demonstração da nova tecnologia - o nome do ITER
é "reator experimental".
Depois que o protótipo funcionar, então
poderão ser feitas as especificações para a construção dos primeiros reatores
de fusão nuclear comerciais - ou seja, a crítica dos críticos, de que a fusão
nuclear está sempre 30 anos no futuro, parece bastante otimista. A não ser que
outros projetos em andamento tenham melhor sorte.