Ainda deve
demorar um bom tempo até que o teletransporte visto em filmes e séries de
ficção científica se torne realidade. Contudo, mesmo que em proporções mínimas,
esse tipo de tecnologia já existe, e os progressos, aos poucos, estão
crescendo. Um dos avanços nesse campo aconteceu há alguns dias, quando um grupo
de cientistas do Instituto Nacional de Padrões e
Tecnologia dos Estados Unidos (NIST, na
sigla em inglês) quebrou um novo recorde no chamado teletransporte quântico.
Primeiramente, é
preciso esclarecer que esse tipo de teletransporte não está diretamente
relacionado ao teletransporte humano, uma vez que a ciência ainda não decifrou
como é possível transportar matéria ou energia de um determinado ponto para
outro. Na prática, isso significa que ainda não é possível teleportar algo ou
alguém com segurança, já que para isso é necessário desmaterializar toda sua
composição do ponto A e 'montá-la', detalhe por detalhe, no ponto B.
O teletransporte
quântico, portanto, diz respeito não ao transporte de matéria, mas sim de informação. Envolve a captura das
características fundamentais de um dado - e seus "estados quânticos" - para transmiti-lo instantaneamente de uma área para outra, e recriá-lo em
outro lugar pré-determinado.
E foi isso o que
essa equipe de físicos conseguiu: reproduzir a condição de uma partícula em
outra partícula sem ter estabelecido uma interação prévia entre elas. Na
técnica, os cientistas teletransportaram um fóton por um cabo de fibra óptica
de 102
quilômetros de comprimento. Essa distância representa um salto quatro vezes
maior do que o recorde anterior.
De acordo com
Martin Stevens, pesquisador de óptica quântica do NIST,
foi usado um equipamento detector de fótons extremamente sensível, já que 99%
dos fótons transmitidos pelo teletransporte se perdem no caminho e nunca
completam o percurso. Esse detector avançado de um fóton único tem em sua
composição fios supercondutores de siliceto
de molibdênio (MoSi2), com cerca de 150 nanômetros de largura e resfriado a cerca de -272 ºC, ou
aproximadamente de 1 grau acima do zero absoluto - mais gelado que a superfície
de Plutão.
O que o detector
conseguiu foi justamente medir o sinal fraco desse 1% que conseguiu passar
pelos 102 km de fibra, tornando a técnica mais eficiente. Para efeito
de comparação, esse novo sistema de detecção mostra níveis de performance até
80% melhores que estudos anteriores. Neste caso, o recorde de maior distância
percorrida em teletransporte quântico pertencia a uma equipe de físicos de
Viena, que usou uma extensão de 144 km entre duas das ilhas Canárias.
As aplicações do
teletransporte quântico são muitas, e beneficiam principalmente o setor de
comunicações. Um exemplo é a criação de um supercomputador quântico que pode
processar bilhões e bilhões de dados extremamente complexos a velocidades muito
acima da média das máquinas atuais mais potentes. Outra possibilidade é levar
esse conceito para a internet, garantindo que informações sejam enviadas na
rede de uma forma mais segura e com um altíssimo nível de segurança e criptografia.
Claro que esse é
um longo caminho a trilhar, mas a quebra do recorde é um sinal de que os
cientistas estão avançando nesse campo de estudo. Segundo Stevens, o próximo
passo é desenvolver um detector de fótons ainda mais preciso para aumentar as
distâncias percorridas através do teletransporte quântico.
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