Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

sexta-feira, 15 de março de 2013

Geladeira quântica faz gelo absoluto (quantum refrigerator)




A geladeira quântica usa a física quântica no chip quadrado - montado sobre a placa verde - para resfriar a placa de cobre no centro da imagem.[Imagem: Schmidt/NIST]

Nanorrefrigeração

Enquanto as geladeiras a laser não chegam, talvez você possa se contentar com uma geladeira quântica. O primeiro exemplo daquilo que se poderia chamar de um refrigerador quântico veio de forma um tanto surpreendente, quando físicos italianos conseguiram mover a entropia de um sistema para outro.
     Mas a geladeira quântica criado por Peter Lowell e colegas do Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia (NIST) dos Estados Unidos está pronta para uso, ao menos em laboratórios.
     Este é o primeiro refrigerador quântico de estado sólido que usa fenômenos da física quântica, operando em micro e nanoestruturas - ele não possui nenhuma parte móvel - para resfriar objetos muito maiores, de nível macroscópico.
     Embora existam inúmeros aparatos capazes de resfriar objetos em laboratório até temperaturas que se aproximam do zero absoluto, o novo equipamento permitirá que os cientistas ponham e retirem seus experimentos para congelamento da mesma forma que se manipula os alimentos em uma geladeira doméstica.
“É uma das realizações mais impressionantes que eu já vi. Nós usamos a mecânica quântica em uma nanoestrutura para resfriar um bloco de cobre que é um milhão de vezes mais pesado do que os elementos de refrigeração,” disse Joel Ullom, membro da equipe.

Laboratórios e telescópios

O que realmente impressiona é o rendimento do refrigerador quântico: seu poder de resfriamento pode ser comparado a um ar condicionado de parede resfriando um prédio inteiro.
     A geladeira quântica poderá resfriar sensores abaixo das temperaturas criogênicas (300 miliKelvin), normalmente obtidas com o uso de hélio líquido, facilitando os experimentos com computadores quânticos e estendendo a vida útil das câmeras de telescópios espaciais - o telescópio espacial Herschel está chegando ao fim de sua vida útil justamente pelo esgotamento do seu reservatório de hélio líquido.
     Este é mais uma de um crescente número de demonstrações de como dispositivos em nanoescala, que funcionam segundo as leis da mecânica quântica, afetam fenômenos em macroescala, que funcionam segundo das leis da física clássica.
     As aplicações portáteis são ainda mais facilitadas pela pouca energia necessária para alimentar a geladeira quântica: o protótipo funciona com uma única bateria de 9V.

Como funciona a geladeira quântica

O resfriamento quântico é feito por um conjunto de 48 sanduíches de diversos materiais, condutores e isolantes, intercalados com um metal supercondutor.
     Com a aplicação de uma tensão elétrica, os elétrons de mais alta energia saem das camadas condutoras, tunelam através das camadas isolantes, até atingir a camada supercondutora.
     A temperatura nas camadas metálicas cai dramaticamente, drenando energia eletrônica e vibracional do objeto que está sendo resfriado.
     A mesma equipe já havia demonstrado a viabilidade de exploração desse processo, mas em dimensões microscópicas:

Refrigeradores do tamanho de um chip

O protótipo levou um bloco de cobre de 2,5 centímetros de lado e 3 milímetros de altura a uma temperatura de 256 mK. Os pesquisadores afirmam já ter em mente melhoramentos que levarão o equipamento a atingir 100 mK.

Bibliografia:
Macroscale refrigeration by nanoscale electron transport. Peter J. Lowell, Galen C. O'Neil, Jason M. Underwood, Joel N. Ullom, Applied Physics Letters. Vol.: 102, 082601. DOI: 10.1063/1.4793515

Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/03/2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Refrigeração óptica promete geladeiras a laser (laser cooling)


Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/03/2013


Resfriamento a laser pode revolucionar refrigeração

Foto do experimento, mostrando o material semicondutor - sulfeto de cádmio - sendo resfriado por um feixe de laser. [Imagem: Nanyang Technological University]







Retirando calor com luz

Os grandes e barulhentos aparelhos de ar-condicionado logo poderão ser coisa do passado. Cientistas descobriram uma forma revolucionária de refrigeração que usa raios lasers no lugar dos compressores e gases danosos para a camada de ozônio.
     A inovação também poderá ter uma série de outros usos, incluindo a miniaturização de equipamentos de ressonância magnética, óculos de visão noturna e câmeras de satélites - todos esses equipamentos exigem sistemas de refrigeração de alta eficiência.
Os pesquisadores demonstraram a nova tecnologia de refrigeração a laser usando a luz para baixar a temperatura de um semicondutor de 20º C para -20º C.
     Embora lasers já sejam usados para resfriar experimentos quânticos até temperaturas criogênicas, o princípio nunca havia sido demonstrado em semicondutores, o que abre as portas para sua utilização em macroescala. Escolhendo cuidadosamente a frequência do laser é possível extrair energia mecânica do material por meio da luz que se reflete nele.
     A energia é extraída na forma de fónons, "partículas" associadas com oscilações mecânicas, assim como os fótons são associados com oscilações eletromagnéticas - os fónons são aniquilados durante um fenômeno conhecido como luminescência anti-Stokes. O sistema é mais simples do que outra abordagem da refrigeração óptica a laser demonstrada anteriormente.

Refrigeração óptica

Embora mais do que adequado para os sistemas de ar-condicionado domésticos e industriais, os pesquisadores querem levar a tecnologia ao extremo, atingindo temperaturas de -269º C, que hoje são atingidas usando hélio líquido.
“Nossos resultados iniciais, publicados na Nature, mostraram que é possível resfriar um semicondutor a laser até a temperatura do nitrogênio líquido, e nós queremos alcançar uma temperatura ainda mais baixa, como a do hélio líquido,” disse o Dr. Xiong Qihua, da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

“Se pudermos domar o poder da refrigeração a laser, isto vai significar que equipamentos médicos que exigem refrigeração extrema, como as máquinas de ressonância magnética, que usam hélio líquido, poderão jogar fora seus enormes sistemas de refrigeração e substituí-los por um sistema de refrigeração óptica,” afirmou Xiong.
Bibliografia:

Jun Zhang, Dehui Li, Renjie Chen, Qihua Xiong, Laser cooling of a semiconductor by 40 kelvin. Nature, Vol.: 493, 504-508. DOI: 10.1038/nature11721

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Calor é manipulado como se fosse luz (heat is manipulated as light)



Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/01/2013

Essa “lente para calor” já consegue manipular até 40% de todas as ondas de calor, concentrando-as como uma lente concentra a luz. [Imagem: Martin Maldovan]

Domando o calor
Há muito tempo os cientistas tentam domar o calor, seja para retirá-lo de onde ele é indesejado, seja para reaproveitá-lo na geração de eletricidade, ou mesmo para marcar o tempo. Tudo isso, e muito mais, agora ficou mais próximo da realidade graças ao trabalho do Dr. Martin Maldovan, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Maldovan descobriu uma forma de lidar com o calor da mesma forma que a luz, permitindo que o calor seja manipulado por lentes e espelhos, dispersando-o ou focalizando-o.

Fônons
Assim como o som, o calor é uma vibração da matéria - tecnicamente ele é uma vibração da rede atômica de um material. Essas vibrações podem ser descritas como um feixe de fônons, uma espécie de "partícula virtual", análoga aos fótons que transmitem a luz.
     Usando essa analogia, Maldovan descobriu que é possível adaptar para o calor um tipo de nanoestrutura, conhecida como cristais fotônicos - que vem realizando verdadeiros milagres no campo da óptica e da acústica. Ele utilizou especificamente os cristais fonônicos - que manipulam fônons, em lugar de fótons - cujos espaçamentos são construídos para equivaler precisamente ao comprimento de onda dos fônons de calor.
“É uma forma completamente nova de manipular o calor,” diz Maldovan, explicando que o calor difere do som na frequência das suas vibrações: o som é formado por vibrações de baixa frequência, até a faixa dos kilohertz (milhares de vibrações por segundo), enquanto o calor é formado por vibrações de altíssima frequência, na faixa dos terahertz (trilhões de vibrações por segundo).

Calor hipersônico
Para adaptar para o calor a técnica que já vem sendo usada para manipular o som, Maldovan teve primeiro que reduzir a frequência dos fônons, criando o que ele chama de “calor hipersônico”. Usando uma retícula feita de ligas de silício e nanopartículas de germânio de dimensões muito precisas, o pesquisador conseguiu reduzir a larga banda de frequências do calor, concentrando mais de 40% deles na faixa hipersônica entre 100 e 300 gigahertz. Em linhas gerais, a estrutura torna o calor mais “parecido” com o som, permitindo sua manipulação. Com isto, a maioria dos fônons de calor se alinhou em um feixe estreito, em vez de se espalhar em todas as direções - um análogo do que uma lente faz com a luz.
     Como os cristais fonônicos estão agora sendo usados para manipular o calor, Maldovan rebatizou sua versão dessas nanoestruturas de termocristais, criando uma nova categoria de materiais.

Termocristais
     Os termocristais terão uma ampla gama de utilizações, incluindo melhores dispositivos termoelétricos, que convertem calor em eletricidade, e diodos termais, componentes que permitirão que o calor flua em apenas uma direção.
Os diodos termais, ao impedir que o calor dê marcha-a-ré, serão úteis no isolamento térmico de edifícios, tanto em climas quentes, quanto em climas frios.
Outra possibilidade será o melhoramento das recém-demonstradas camuflagens termais, que impedem a visualização do calor por câmeras infravermelhas.

Bibliografia:
Martin Maldovan, Narrow Low-Frequency Spectrum and Heat Management by Thermocrystals. Physical Review Letters, 110, 025902. DOI: 10.1103/PhysRevLett.110.025902

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Alcançada temperatura abaixo do zero absoluto (Negative Temperatures?)


Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/01/2013
Devido à forma como a temperatura é definida, não há uma transição suave entre as temperaturas absolutas positivas e negativas - tão logo a distribuição de energia é invertida, atinge-se um calor descomunal. [Imagem: LMU/MPG Munich]

Além da escala Kelvin 
A escala de temperaturas absolutas - conhecida como escala Kelvin - é um dos conceitos centrais da física. Por definição, nada pode ser mais frio do que o zero absoluto, estabelecido em 0 Kelvin, ou -273,15 °C. Contudo, há muito os físicos sabem que, abaixo do zero absoluto, há todo um reino de temperaturas absolutas negativas.
Em 2011, um grupo de físicos teóricos alemães demonstrou que, se não é possível passar suavemente pelo zero absoluto, como acontece na escala Celsius, é possível saltar pelo 0 K e ir diretamente para esse reino ainda inexplorado. Temperaturas abaixo do zero absoluto podem ser alcançadas!
Agora, uma outra equipe alemã fez os experimentos e demonstrou na prática como ir abaixo do zero absoluto. E a realidade mostrou-se impressionante: abaixo do quase inatingível frio absoluto estão algumas das temperaturas mais quentes já observadas no Universo. O resultado terá largas implicações em várias áreas científicas, da física básica à cosmologia.

Calor absoluto
Simon Braun e seus colegas da Universidade Ludwig Maximilian de Munique obtiveram a temperatura absoluta negativa movendo átomos em um gás ultrafrio. Na escala Kelvin normal - das temperaturas absolutas positivas - a temperatura é proporcional à energia cinética média das partículas. Mas nem todas as partículas têm a mesma energia - há na verdade uma distribuição de energia, sendo os estados de baixa energia mais ocupados do que os estados de alta energia - isto é conhecido como distribuição de Boltzmann. No caso das temperaturas Kelvin negativas, a distribuição é invertida, e os estados de alta energia são mais ocupados do que os estados de baixa energia.
O resultado é um calor que se aproxima do estado mais quente que se pode obter quanto mais próximo a temperatura absoluta negativa está do zero absoluto. A inversão drástica dos estados de energia - uma distribuição de Boltzmann invertida - faz com que a temperatura sub-Kelvin não seja mais fria, mas incrivelmente quente.
“Ela é ainda mais quente do que qualquer temperatura positiva - a escala de temperaturas simplesmente não vai ao infinito, ela salta para valores negativos,” disse Ulrich Schneider, coordenador da equipe.
Segundo o pesquisador, essa contradição é apenas aparente, e nasce da forma como a temperatura absoluta tem sido definida ao longo da história - o experimento abre a possibilidade de uma nova definição da temperatura, o que pode fazer com que a contradição desapareça.

Motor com eficiência maior que 100%
A matéria em temperaturas negativas absolutas pode ter consequências científicas e tecnológicas sem precedentes. Com um sistema robusto o suficiente poderá ser possível criar motores a combustão com uma eficiência energética que supere os 100%.
E isso não significa uma violação da lei de conservação de energia - esse motor hipotético poderia não apenas absorver energia do meio quente, executando um trabalho como os motores normais, mas também extrair energia do meio mais frio, executando trabalho adicional.
Sob temperaturas absolutamente positivas, o meio mais frio inevitavelmente se aquece, absorvendo uma parte da energia do meio mais quente, o que impõe um limite à eficiência do motor. Contudo, se o meio quente tiver uma temperatura absoluta negativa, é possível absorver energia dos dois meios simultaneamente. O trabalho realizado pelo motor será, portanto, maior do que a energia retirada apenas do meio quente - sua eficiência será superior a 100%.
 
O experimento pode ser comparado a esferas em uma superfície ondulada. Nas temperaturas positivas (esquerda) a maioria das esferas fica nos vales, em seu estado de energia mínimo, quase imóveis - uma distribuição de Boltzmann normal. Em uma temperatura infinita (centro), as esferas se distribuem uniformemente nos dois estados. Na temperatura absoluta negativa (direita), entretanto, a maioria das esferas vai para os picos, no limite superior de energia potencial (e cinética). Os estados com energia total mais elevada ocorrem mais frequentemente - uma distribuição de Boltzmann invertida. [Imagem: LMU/MPG Munich]

Desafiando a gravidade
O experimento tem também um impacto direto para o campo da cosmologia, mais especificamente, sobre a energia escura, uma força ainda desconhecida que os cientistas usam para explicar a aceleração da expansão do Universo.
Com base apenas nas forças conhecidas, o Universo deveria estar se contraindo devido à atração gravitacional entre todas as massas que o compõem.
O experimento da temperatura absoluta negativa revelou um fenômeno que desafia a gravidade, agindo no sentido contrário, exatamente como se propõe que a energia escura faça. O experimento se baseia no fato de que os átomos no gás não se repelem uns aos outros, como nos gases normais. Na verdade, eles interagem de forma atrativa, ou seja, os átomos exercem uma pressão negativa.
A nuvem de átomos tenderia naturalmente a se contrair, devendo colapsar, exatamente como em um Universo onde apenas a gravidade estivesse atuando. Isso, contudo, não acontece justamente por causa da temperatura absoluta negativa, extremamente quente - e o gás não colapsa, exatamente como o nosso Universo.

Temperatura absoluta negativa
A inversão dos estados de energia das partículas em um sistema ultrafrio não pode ser realizada em um sistema natural - como a água, por exemplo - porque o material teria que absorver uma quantidade infinita de energia.
Mas a coisa é bem diferente quando se trabalha com um sistema no qual as partículas - ou átomos - tenham um limite superior de energia.
Simon Braun trabalhou com um sistema artificial, composto por cerca de 100 mil átomos em uma câmara de vácuo, o que os torna perfeitamente isolados do ambiente externo.
Os átomos foram resfriados a uma temperatura de alguns bilionésimos de um Kelvin, uma das temperaturas mais frias que se consegue obter em laboratório.
Os átomos no gás ultrafrio foram então capturados por armadilhas ópticas, feitas por feixes de raios laser, e dispostos em uma matriz perfeitamente ordenada.
Cada átomo pode mover-se do seu local na matriz óptica para o local vizinho por tunelamento, mas sem perder algo que é fundamental para o experimento: ao contrário dos sistemas naturais, as partículas da matriz óptica possuem um limite superior de energia.
Assim, a temperatura do sistema não depende apenas da energia cinética, mas da energia total das partículas, o que inclui as energias potencial e de interação, ambas igualmente com um limite superior impostas pelo experimento.
Em condições normais, os átomos tenderiam a escapar da rede óptica, colapsando e aglomerando-se novamente em uma nuvem disforme, sugada para baixo pela gravidade. Mas os cientistas ajustaram a rede óptica para que fosse energeticamente mais favorável aos átomos permanecerem em suas posições ordenadas.
Os cientistas então levaram os átomos até seu nível superior de energia total, materializando uma temperatura absoluta negativa, de alguns bilionésimos -K, em um sistema que se manteve estável.

Referências:
S. Braun, J. P. Ronzheimer, M. Schreiber, S. S. Hodgman, T. Rom, I. Bloch, U. Schneider, Negative Absolute Temperature for Motional Degrees of Freedom. Science, Vol.: 339 - 52-55, DOI: 10.1126/science.1227831

Lincoln D. Carr, Negative Temperatures? Science, Vol.: 339 - 42-43, DOI: 10.1126/science.1232558.


Grafite revela suas faces supercondutora e ferromagnética (graphite reveals their superconducting face)




Com informações da Agência Fapesp - 07/01/2013
 O mundo vai mudar
          Alguns elementos químicos, como o mercúrio, o chumbo e as ligas à base de nióbio, são capazes de conduzir corrente elétrica sem resistência nem perdas quando submetidos a baixíssimas temperaturas - na ordem de menos 270 graus Celsius. São os chamados supercondutores.
    Tal propriedade permitiu o desenvolvimento de poderosos eletroímãs usados, por exemplo, em máquinas de ressonância magnética, espectrômetros de massa, aceleradores de partículas, trens de levitação magnética e redes inteligentes capazes de transportar energia elétrica com maior eficiência.
    A aplicação dessa tecnologia, no entanto, é limitada pela dificuldade e pelo custo do resfriamento extremo, geralmente feito com hélio ou nitrogênio líquido.
    A busca de materiais capazes de se comportar como supercondutores em temperatura ambiente, portanto, tem mobilizado cientistas de todo o mundo, entre eles Yakov Kopelevich, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O máximo que já se conseguiu no meio acadêmico foi fazer um supercondutor funcionar em torno de menos 100 graus Celsius. Se realmente encontrarmos um supercondutor que funcione em temperatura ambiente, o mundo vai mudar,” profetizou Kopelevich.

Devido aos custos de instalação e manutenção, o maior cabo supercondutor do mundo, instalado na Alemanha, tem pouco mais de 1 km de extensão. [Imagem: Nexans]

Grafite supercondutor
    Em 1999, Kopelevich observou evidências de supercondutividade no grafite - mineral composto por átomos de carbono - em uma faixa de temperatura que vai de menos 271 até 27 graus Celsius positivos.

  “A grande dificuldade é que, embora existam características supercondutoras no grafite, elas se encontram somente em alguns locais do material. Precisamos achar meios de extrair esses elementos e potencializar o fenômeno. Não é uma tarefa simples, mas já encontramos um caminho para realizá-la,” disse Kopelevich.

   O pesquisador vem trabalhando com um método conhecido como dopagem eletrostática, que consiste em aplicar um campo elétrico sobre o material para forçar a redistribuição da carga elétrica na superfície.
   “A ideia é trazer mais elétrons, que são os portadores de eletricidade, para a superfície do grafite. Aumentando a densidade de elétrons na superfície do material é possível induzir a supercondutividade”, explicou.
  Segundo Kopelevich, o Brasil possui uma das maiores e melhores reservas mundiais de grafite no Estado de Minas Gerais. “Se alcançarmos nosso objetivo, o Brasil será o melhor lugar para produzir supercondutores de grafite”, afirmou.

O magnetismo inesperado do grafite entusiasmou pesquisadores da área da spintrônica. [Imagem: Kees Flipse]

Ferromagnetismo no grafite
Embora sua principal linha de pesquisa seja no campo da supercondutividade, Kopelevich também se dedica a buscar meios de potencializar outra propriedade observada no grafite: o ferromagnetismo. Nesse caso, o fenômeno também está concentrado em algumas partes do material, mas a oxidação do mineral amplia o efeito. “Para isso, basta transformar o grafite em pó e expor ao oxigênio,” disse.
     O ferromagnetismo é importante para a produção de ímãs de diversos tipos - desde aqueles usados em geladeiras, como também os de motores, equipamentos eletrônicos, peças de computador, geradores e transformadores de energia. Há seis elementos naturais com propriedades ferromagnéticas e somente três que funcionam em temperatura ambiente: ferro, cobalto e níquel, explicou Kopelevich. “Acreditava-se que esse fenômeno só era possível em elementos pesados, mas o carbono é um elemento leve. Se conseguirmos potencializar sua propriedade ferromagnética, isso terá implicações enormes, por exemplo, na área de aviação e de exploração espacial,” afirmou.
     Kopelevich realiza as pesquisas com uma forma ultrapura do material, chamado grafite pirolítico altamente orientado (HOPG), mas acredita que a supercondutividade também pode ser induzida na forma desordenada ou amorfa, significativamente mais barata. “Com o método da dopagem eletrostática qualquer grafite pode apresentar essa propriedade”, disse.
     O grafite é uma das três formas alotrópicas do carbono. As outras duas são o diamante e o fulereno. O mineral é composto por múltiplas camadas de átomos de carbono - cada um desses planos é conhecido como grafeno.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Artigos memoráveis (amazing papers)

Nesse post, você encontrará o link direto para alguns dos principais artigos que fizeram a história da supercondutividade. Para alguns textos, infelizmente, não consegui encontrar o link. É necessário ser cadastrado no Periódicos Capes para ter acesso aos artigos ou acessar o link direto de uma universidade. Caso esteja faltando algum artigo importante, favor enviar para o e-mail superconduza@gmail.com. 


A descoberta da supercondutividade por Onnes
1º) H. K. Onnes, Further experiments with liquid helium. B. On the change in the resistance of pure metals at very low temperatures, etc. III. The resistance of platinum at helium temperatures. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 252-260. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_14.

2º) H. K. Onnes, Further experiments with liquid helium. C. On the change of electric resistance of pure metals at very low temperatures etc. IV. The resistance of pure mercury at helium temperatures. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 261-263. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_15.

3º) H. K. Onnes, Further Experiments with Liquid Helium. D. On the Change of the Electrical Resistance of Pure Metals at very low Temperatures, etc. V. The Disappearance of the resistance of mercury. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 264-266. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_16.

4º) H. K. Onnes, Further experiments with Liquid Helium. G. On the Electrical Resistance of Pure Metals, etc. VI. On the Sudden Change in the Rate at which the Resistance of Mercury Disappears. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 267-272. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_17.

5º) H. K. Onnes, Further experiments with liquid helium. H. On the electrical resistance of pure metals etc. VII. The potential difference necessary for the electric current through mercury below 4°.19 K. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 273-314. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_18.

6º) H. K. Onnes, Further Experiments with liquid helium. H. On the electrical resistance etc. (continued). VIII. The sudden disappearance of the ordinary resistance of tin, and the super-conductive state of lead. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 315-332. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_19.

7º) H. K. Onnes, Further experiments with liquid helium. L. The persistence of currents without electromotive force in supra-conducting circuits. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 356-362. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_22.

8º) H. K. Onnes, Further experiments with liquid helium, AA. The disturbance of supra-conductivity by magnetic fields and currents. The hypothesis of Silsbee. Boston Studies in the Philosophy of Science Volume 124, 1990, 363-387. Fonte: http://rd.springer.com/chapter/10.1007/978-94-009-2079-8_23.




A descoberta do efeito Meissner
9º) W. Meissner, R. Ochsenfeld, Ein neuer Effekt bei Eintritt der Supraleitfähigkeit. Die Naturwissenschaften, Volume 21, 1933, Issue 44, 787-788. Fonte: http://link.springer.com/content/pdf/10.1007%2FBF01504252.




 A teoria fenomenológica dos irmãos London
10º) F. London, H. London, The Electromagnetic Equations of the Supraconductor. Proceedings of the Royal Society of London. Series A, Mathematical and Physical Sciences, Volume 149, 1935, Issue 866, 71-88. Fonte: http://rspa.royalsocietypublishing.org/content/149/866/71.




O estado intermediário por Schubnikow 
11º) L. Schubnikow, I. Nakhutin, Electrical conductivity of a supraconducting sphere in the intermediate state. Nature, Volume 139, Issue 3518, 589-590 (1937). Fonte: http://www.nature.com/nature/journal/v139/n3518/pdf/139589b0.pdf.




O efeito isotópico
12º) E. Maxwell, Isotope Effect in the Superconductivity of Mercury. Phys. Rev. 78, 477–477 (1950). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v78/i4/p477_1.

        12.1º) C. A. Reynolds, B. Serin, W. H. Wright, L. B. Nesbitt, Superconductivity of  Isotopes  of Mercury. Phys. Rev. 78, 487 (1950). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v78/i4/p487_1.



Atração dos elétrons por Fröhlich
13º) H. Fröhlich, Theory of the Superconducting State. I. The Ground State at the Absolute Zero of Temperature. Phys. Rev. 79, 845–856 (1950). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v79/i5/p845_1;
Interaction of Electrons with Lattice Vibrations. Proc. Roy. Soc. (London) A215 (1952) 291. Fonte: http://rspa.royalsocietypublishing.org/content/215/1122/291.abstract.





Teoria fenomenológica por Ginzburg
14º) V. L. Ginzburg, On the theory of superconductivity. Il Nuovo Cimento Series 10, 1955, Volume 2, Issue 6, 1234-1250. Fonte:http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF02731579?LI=true.




Atração dos elétrons por Cooper
15º) L. N. Cooper, Bound Electron Pairs in a Degenerate Fermi Gas. Phys. Rev. 104, 1189–1190 (1956). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v104/i4/p1189_1.




O trabalho de Newton Bernardes
16º) B. Newton, Theory of the specific heat of superconductors based on an energy-gap model. Phys. Rev. 107 (1957) 354. Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v107/i2/p354_1.





O trabalho de Abrikosov
17º) A. A. Abrikosov, On the Magnetic Properties of Superconductors of the Second Group. Soviet Physics JETP 5, 1174 (1957); In Russian: Zh. Eksp. i Teor. Fiz. 32, 1442 (1957). Fonte:http://www.mn.uio.no/fysikk/english/research/groups/amks/superconductivity/vortex/1957.html.




A magnífica teoria BCS
18º) J. Bardeen, L. N. Cooper, J. R. Schrieffer, Theory of Superconductivity. Phys. Rev. 108, 1175–1204 (1957). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v108/i5/p1175_1.





As transformações de Bogoljubov
19º) N. N. Bogoljubov, V. V. Tolmachov, D. V. Širkov, A New Method in the Theory of Superconductivity. Fortschritte der Physik Volume 6, Issue 11-12, pages 605–682, 1958. Fonte: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/prop.19580061102/abstract. Outros: Bogoliubov, N. N. Nuovo Cimento 7 (1958) 794; Zh. Eksperim. i Teor. Fiz. 34 (1958) 58; Soviet Phys. – JETP 7 (1958) 41.




O efeito Josephson
20º) B. D. Josephson, Possible new effects in superconductive tunnelling. Physics Letters Volume 1, Issue 7, 1962, 251–253. Fonte:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0031916362913690.
B. D. Josephson, Coupled Superconductors. Rev. Mod. Phys. 36, 216–220 (1964); Fonte: http://rmp.aps.org/abstract/RMP/v36/i1/p216_1.
B. D. Josephson, The discovery of tunnelling supercurrents. Rev. Mod. Phys. 46, 251–254 (1974). Fonte: http://rmp.aps.org/abstract/RMP/v46/i2/p251_1.

21º) P. W. Anderson, J. M. Rowell, Probable Observation of the Josephson Superconducting Tunneling Effect. Phys. Rev. Lett. 10, 230–232 (1963). Fonte: http://prl.aps.org/abstract/PRL/v10/i6/p230_1.






O sistema Nb3Ge por Matthias et al.
22º) B. T. Matthias, T. H. Geballe, R. H. Willens, E. Corenzwit, G. W. Hull, Superconductivity of Nb3Ge. Phys. Rev. 139, A1501–A1503, (1965). Fonte: http://prola.aps.org/abstract/PR/v139/i5A/pA1501_1.
J. R. Gavaler et al., Classical superconductor with highest critical temperature. Appl. Phys. Let. 23 (1973) 480.




O primeiro cuprato supercondutor por Bednorz e Müller
23º) J. G. Bednorz, K. A. Müller, Possible high-Tc superconductivity in the BaLaCuO system. Zeitschrift für Physik B Condensed Matter 1986, Volume 64, Issue 2, 189-193. Fonte: http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF01303701.




A teoria RVB de Anderson
24º) P. W. Anderson, The Resonating Valence Bond State in La2CuO4 and Superconductivity. Science Vol. 235, 4793, 1196-1198, 1987. Fonte: http://www.sciencemag.org/content/235/4793/1196.




O sistema YBa2Cu3O7
25º) M. K. Wu, J. R. Ashburn, C. J. Torng, P. H. Hor, R. L. Meng, L. Gao, Z. J. Huang, Y. Q. Wang, C. W. Chu, Superconductivity at 93 K in a new mixed-phase Y-Ba-Cu-O compound system at ambient pressure. Phys. Rev. Lett. 58, 908–910 (1987). Fonte: http://prl.aps.org/abstract/PRL/v58/i9/p908_1.

R. J. Cava, B. Batlogg, R. B. van Dover, D. W. Murphy, S. Sunshine, T. Siegrist, J. P. Remeika, E. A. Rietman, S. Zahurak, G. P. Espinosa, Bulk superconductivity at 91 K in single-phase oxygen-deficient perovskite Ba2YCu3O9-δ. Phys. Rev. Lett. 58, 1676–1679 (1987). Fonte: http://prl.aps.org/abstract/PRL/v58/i16/p1676_1.






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