A adição de átomos de flúor (amarelo) a uma
camada atômica de estanho - o estaneno - poderá resultar no primeiro
supercondutor a temperatura ambiente. [Imagem: Yong Xu/Tsinghua
University/Greg Stewart/SLAC]
Estaneno
Em tempos
de materiais-maravilha à base de carbono, parecia que nada poderia superar os
nanotubos - até surgir o grafeno. Mas agora cientistas estão pedindo que o grafeno dê um
passinho à frente, cedendo espaço para o recém-chegado "estaneno".
Estaneno é uma folha unidimensional - formada por apenas uma
camada de átomos - do metal estanho, símbolo químico Sn. O estaneno promete ser nada menos do que o primeiro
supercondutor à temperatura ambiente, transportando eletricidade com 100% de
eficiência.
É o que garantem Yong Xu e seus colegas das universidades
Tsinghua (China) e Stanford (EUA):
“O estaneno poderá
aumentar a velocidade e diminuir o gasto de energia das futuras gerações de
chips de computador, caso nossas previsões sejam confirmadas por experimentos
que estão em andamento em vários laboratórios ao redor do mundo,” disse o professor Shou-cheng Zhang, coordenador do estudo.
Isolantes topológicos
Os
resultados são fruto do trabalho com os isolantes topológicos, uma classe de
materiais muito promissores devido à sua característica de conduzir
eletricidade apenas na sua superfície externa, mas não em seu interior.
Em 2011,
outra equipe já havia apontado que um isolante topológico mais complexo poderia
ser magnético e supercondutor.
Isso porque, ao se destacar a camada externa desses
materiais, eles devem conduzir eletricidade com 100% de eficiência, ou seja,
são supercondutores.
“A magia dos
isoladores topológicos é que, pela sua própria natureza, eles forçam os
elétrons a mover-se em faixas definidas, sem qualquer limite de velocidade,
como nas autobans alemãs,” explicou Zhang. “Enquanto eles
estiverem na via rápida - as bordas ou as superfícies - os elétrons vão viajar
sem resistência.”
Mas nenhum
dos isolantes topológicos conhecidos até agora se tornaria um condutor perfeito
de eletricidade à temperatura ambiente.
O que os novos cálculos indicam é que isto pode ser possível
com uma única camada de átomos de estanho - um estaneno.
Supercondutores no interior de chips
resultarão em processadores que consomem menos energia e esquentam menos.
[Imagem: Yong Xu et al./PRL]
Chips supercondutores
Os
cálculos indicam que uma única camada de estanho seria um isolante topológico
não apenas sob temperaturas agradáveis para o ser humano, mas também a
temperatura mais altas.
Por exemplo, com a adição de átomos de flúor ao estanho, sua
gama de funcionamento se estenderia a pelo menos 100 graus Celsius.
Segundo os pesquisadores, se os experimentos confirmarem
seus cálculos teóricos, o estaneno deverá estrear na conexão interna dos chips,
permitindo a troca de dados mais rápida e gastando muito menos energia - o que
se traduziria em processadores que esquentam menos.
É claro que, para isso, terão que ser vencidas as mesmas
dificuldades de fabricação de um material 2D com que atualmente se deparam os
pesquisadores que tentam trabalhar com o grafeno.
Bibliografia:
Large-Gap
Quantum Spin Hall Insulators in Tin Films
Yong
Xu, Binghai Yan, Hai-Jun Zhang, Jing Wang, Gang Xu, Peizhe Tang, Wenhui Duan,
Shou-Cheng Zhang
Physical
Review Letters
Vol.:
111, 136804
DOI:
10.1103/PhysRevLett.111.136804
http://arxiv.org/abs/1306.3008