Aplicações da Supercondutividade - O skate voador da Lexus

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Isolante topológico supercondutor (topological insulator goes superconducting)





Esquerda: filmes ultrafinos de Bi2Se3 epitaxialmente crescido na superfície (0001) do supercondutor monocristalino 2H-NbSe2 usando a técnica de epitaxia de feixe molecular (molecular beam epitaxy technique). Centro: curvas de intensidade ARPES e mapa de dispersão ARPES de alta resolução do filme Bi2Se3 sobre NbSe2 depois de "destapar" usando uma energia de fóton incidente de 50 eV (no detalhe). Direita: a direção da polarização de spin dos elétrons no nível de Fermi do supercondutor Bi2Se3. Cortesia: S-Y Xu


Físicos dos EUA e Taiwan dizem que encontraram a primeira evidência da supercondutividade no isolante topológico seleneto de bismuto graças às novas observações espectroscópicas. A descoberta não é apenas de fundamental importância para uma série de teorias de física da matéria condensada e de partículas, mas pode até ser explorada para construir no futuro qubits topológicos tolerantes a falhas.
Isolantes topológicos são materiais artificialmente construídos isolantes no volume da amostra, mas que podem conduzir eletricidade na superfície. Uma equipe de pesquisadores liderada por Zahid Hasan, da Universidade de Princeton, usando a técnica angle-resolved photoemission spectroscopy (ARPES), afirmam ter visto o “emparelhamento de Cooper” (a marca registrada da supercondutividade) nos elétrons que se encontram na superfície do isolante topológico Bi2Se3. ARPES é uma das formas mais diretas de estudar a estrutura eletrônica e supercondutividade em sólidos.
Supercondutividade é um fenômeno coletivo no qual os elétrons se movem em direções opostas superando a repulsão eletrostática para formar pares de Cooper abaixo de uma certa temperatura de transição. Estes pares podem condensar em um único estado quântico e mover-se sem resistência elétrica através do material supercondutor.
“Em supercondutores convencionais, elétrons de condução que se deslocam ao longo de uma determinada direção têm seus spins em ambas as direções, ‘up’ e ‘down’, e os dois tipos de elétrons podem emparelhar-se”, explica o membro da equipe Su-Yang Xu, também de Princeton. “Isolantes topológicos são diferentes. Os elétrons se movendo em uma direção deverão ter apenas elétrons com spin-up disponíveis para emparelhar-se, e aqueles que se movem na direção oposta só tem elétrons spin-down disponíveis. É por isso que as superfícies de isolantes topológicos são também chamadas de ‘half-Dirac-gas’ porque apenas metade dos elétrons está disponível para contribuir com a corrente elétrica de resistência zero. Além disso, as fortes interações dos pares de Cooper que existem em alguns supercondutores estão ausentes em isolantes topológicos e a supercondutividade nestes sistemas existe em um estado ‘fracamente interagente’. Fracamente interagente nesse contexto, significa que os elétrons não se repelem fortemente.”

Emparelhamento helicoidal de Cooper

Os pesquisadores mediram a energia cinética e a direção de spin dos elétrons ejetados de uma amostra de Bi2Se3 em um substrato de seleneto de nióbio (NbSe2). “O processo de fotoemissão nos fornece informações extremamente úteis sobre a estrutura eletrônica e propriedades de um material”, diz Xu, “e a técnica com resolução de spin fornece informações adicionais sobre como são configurados os spins dos elétrons no material”.
Graças às temperaturas ultrabaixas em que realizaram os experimentos, Hasan e seus colegas dizem que eles foram capazes de observar pela primeira vez o “emparelhamento helicoidal de Cooper” em um sistema eletrônico de Dirac, fazendo uso de uma coisa chamada momentum-resolved Bogoliubov quasiparticle spectrum do isolante topológico quando é colocado sobre um substrato de um supercondutor convencional como o NbSe2.

Férmions de Majorana e outra física exótica

A teoria prevê que partículas chamadas férmions de Majorana (partículas que são suas próprias antipartículas) poderiam ser feitas através da combinação de um supercondutor convencional com um isolante topológico. Uma série de outros aspectos fundamentais da física exótica também pode estar à espreita em tais estados de superfície no estado sólido.
Férmions de Majorana são previstos em física de alta energia, mas ainda não foram observados em experimentos de física de partículas. “Se eles forem encontrados na matéria condensada, como em um supercondutor topológico tipo half-Dirac-gas, eles podem ser usados para construir o famoso qubit topológico - o que nos ajudaria a fazer um computador quântico tolerante a falhas”, diz Xu. Isto porque férmions de Majorana - ao contrário dos familiares férmions de Dirac, como os elétrons - obedecem as “estatísticas não-Abelianas” e assim devem ser robustos ao ruído ambiental de fundo. Férmions de Majorana poderiam armazenar e transmitir informação quântica sem perturbação externa, o que é um dos principais desafios para quem tenta construir hoje um computador quântico prático e tolerante a falhas.

Testando a física de alta energia no estado sólido?

A supersimetria (outra teoria da física de alta energia) é outro exemplo interessante que ainda tem que ser testada em aceleradores de partículas. “Aqui, os bósons (partículas de spin inteiro) e férmions (partículas de spin semi-inteiro) podem ser convertidos um no outro em altas energias. Teóricos da matéria condensada dizem que ambas, a supersimetria e os férmions de Majorana, podem ser produzidos na mesma configuração do estado sólido - como o ‘spin-momentum locked’ half-Dirac gas que temos estudado”.
Até agora, todas as reivindicações de ver férmions de Majorana foram em sistemas de isolantes não-topológicos, mas um isolante topológica de Majorana seria uma partícula muito robusta, de longa duração.
Estimulado por suas observações, a equipe diz que agora está planejando uma técnica híbrida de espectroscopia de fotoemissão (combinação de espectroscopia de tunelamento e de transporte elétrico) para procurar um férmion de Majorana, e mais importante, as partículas de supersimetria (SUSYs) no componente helicoidal isolado dos pares de Cooper estudados no presente trabalho.
Embora nossos dados atuais não forneçam qualquer evidência para a supersimetria, esta é uma emocionante - e alguns diriam ambiciosa - direção futura que esperamos prosseguir graças a nossa identificação do emparelhamento helicoidal de Cooper, diz Xu.
A pesquisa está detalhada no artigo da Nature Physics.




domingo, 9 de novembro de 2014

Circuitos supercondutores viabilizados por nanofios (superconducting circuits, simplified)




Novo design do circuito poderia desbloquear o poder de chips de um computador supercondutor


Chips de computador com circuitos supercondutores seriam de 50 a 100 vezes mais eficientes que os chips atuais, uma característica atraente dado o crescente consumo de energia. Chips supercondutores também prometem dar maior poder de processamento: testes mostraram que circuitos supercondutores usando junções Josephson foram 500 vezes mais velozes que o chip do iPhone 6. Porém, chips contendo junções Josephson são grandes e difíceis de fazer e pior: eles usam correntes tão pequenas que os resultados de seus cálculos são difíceis de detectar.


http://newsoffice.mit.edu/2014/cheaper-superconducting-computer-chips-1017
Chip contendo o nTron que realizou o primeiro cálculo usando o novo circuito supercondutor. Foto: Adam N. McCaughan


        Porém, pesquisadores do MIT apresentaram um novo projeto de circuito que poderia tornar dispositivos supercondutores muito mais baratos de fabricar. E enquanto a velocidade dos circuitos provavelmente não estaria no topo dos chips atuais, poderia resolver o problema da leitura dos resultados dos cálculos realizados com junções Josephson.
Adam McCaughan, estudante de pós-graduação em engenharia elétrica do MIT e o professor Karl Berggren - chamam seu dispositivo de nanocryotron. O cryotron foi um circuito de computação desenvolvido em 1950 pelo professor Dudley Buck. O cryotron foi brevemente objeto de grande interesse como a possível base para uma nova geração de computadores, mas foi superado pelo circuito integrado.
“Nós já usamos o nosso dispositivo em aplicações que serão altamente relevantes para o trabalho futuro de computação com supercondutores e comunicações quânticas”, diz McCaughan.
O laboratório de Berggren concentra-se em circuitos supercondutores feitos a partir de nitreto de nióbio, que tem a temperatura de funcionamento relativamente elevada, 16 K (-257 °C). Isso é possível com hélio líquido, o qual, num chip supercondutor, provavelmente circulará através de um sistema de tubos dentro de uma caixa isolada. Um sistema assim que emprega hélio líquido no resfriamento, naturalmente aumentaria o consumo de energia de um chip supercondutor. Mas uma vez que o ponto de partida é de cerca de 1% da energia requerida por um chip convencional, a economia ainda pode ser enorme. Além disso, computação com supercondutores permitiria aos centros de dados dispensarem os sistemas de refrigeração que atualmente mantém seus servidores livres de superaquecimento.
Circuitos supercondutores baratos também podem permitir a construção de detectores de um único fóton, um componente essencial de qualquer sistema de informação que explora os speedups computacionais prometidos pela computação quântica rentável.

Projetado como um T

O nanocryotron - ou nTron – consiste de uma única camada de nitreto de nióbio depositado sobre um isolante em um padrão que se parece mais ou menos com a letra maiúscula “T”. Mas onde a base do T junta-se à barra transversal, se reduz a um décimo de sua largura. Elétrons navegando livremente através da base do T são subitamente esmagado juntos, produzindo calor, que se irradia na barra transversal e destrói a supercondutividade do nitreto de nióbio.
        A corrente aplicada à base do T pode desligar uma corrente que flui através da barra transversal. Isso faz do circuito uma chave (disjuntor, comutador), o componente básico de um computador digital. Após a corrente na base ser desligada, a corrente na barra será retomada somente após a junção ser esfriada. Esse resfriamento não leva muito tempo. Mas os circuitos não são susceptíveis de superar o 1 gigahertz típico dos chips atuais. Ainda assim, eles podem ser úteis em aplicações onde a velocidade não é tão importante quanto a eficiência energética.
        A aplicação mais promissora, no entanto, pode ser tornar acessível o cálculo com junções Josephson. Junções Josephson usam correntes minúsculas que até agora têm exigido equipamentos de laboratório muito sensíveis para detectar. Elas não são fortes o suficiente para mover os dados para um chip de memória local, muito menos para enviar um sinal visual para um monitor de computador.
Em experimentos, McCaughan demonstrou que correntes ainda menores do que as encontradas em dispositivos de junção Josephson foram suficientes para mudar o nTron de condutor para um estado não condutor. E, enquanto a corrente na base do T pode ser pequena, a passagem de corrente através da barra transversal pode ser muito maior - grande o suficiente para transportar a informação a outros dispositivos em uma placa-mãe de computador.
        “Acho que este é um grande dispositivo”, diz Oleg Mukhanov, diretor de tecnologia da Hypres, uma empresa de eletrônica de supercondutores cujos produtos dependem de junções Josephson. “Nós estamos considerando seriamente o uso do nTron em memória. Há várias atrações deste dispositivo”, diz Mukhanov. “Primeiro, é muito compacto, porque afinal de contas, é um nanofio. Um dos problemas com junções Josephson é que elas são grandes. Se você compará-las com transistores CMOS, elas são apenas fisicamente maior. A segunda é que as junções Josephson são dispositivos de dois terminais. Transistores semicondutores são de três terminais, e isso é uma grande vantagem. Da mesma forma, nTrons são dispositivos de três terminais.”
        “Uma das características que também nos atrai é que planejamos integrá-lo com dispositivos spintrônicos magnetoresistivos, mRAM, memórias magnéticas de acesso aleatório, à temperatura ambiente. E uma das características destes dispositivos é que eles são de alta impedância. Eles estão na faixa de kilo-ohms, e se você olhar para junções Josephson, são apenas alguns ohms. Portanto, há um grande descompasso, o que torna muito difícil do ponto de vista de engenharia elétrica combinar esses dois dispositivos. NTrons são dispositivos de nanofios, por isso eles são de alta impedância também. Eles são naturalmente compatíveis com os elementos magnetoresistivos”, diz Mukhanov.



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Forte campo magnético produz um estado supercondutor exótico (Superconductor finally goes with the FFLO)




Vesna Mitrović em seu laboratório

        Um fenômeno procurado há muito que permite a supercondutividade sobreviver mesmo em campos magnéticos muito fortes, foi visto pela primeira vez por uma equipe internacional de físicos. O “estado FFLO” da supercondutividade envolve a formação de entidades quânticas exóticas conhecidas como estados ligados de Andreev. Além de proporcionar uma visão mais aprofundada da supercondutividade, a descoberta também pode aprimorar nossa compreensão da física de partículas e estrelas de nêutrons, e até mesmo melhorar os sistemas de ressonância magnética (MRI).
        Supercondutividade e magnetismo são geralmente inimigos jurados. Supercondutores expulsam fracos campos magnéticos que passam através de um condutor normal, enquanto um campo magnético forte o suficiente destrói a supercondutividade. A supercondutividade convencional ocorre quando as vibrações em uma estrutura cristalina permite que os elétrons se liguem em conjuntos formando pares de Cooper que fluem através do material sem resistência. Os elétrons em cada par têm valores opostos do momento angular de spin - um com spin-up, outro com spin-down. No entanto, um forte campo magnético direciona os spins dos elétrons num mesmo sentido, perturbando o equilíbrio, destruindo os pares de Cooper e a própria supercondutividade.

Pares de elétrons não correspondentes

Contudo, em 1964, dois pares de físicos - Peter Fulde e Richard Ferrell, ao lado de Anatoly Larkin e Yuri Ovchinnikov - previram que certos materiais devem superconduzir, mesmo na presença de campos magnéticos muito fortes. Esse estado FFLO iria ocorrer como resultado dos pares de elétrons não combinados - tendo um momento angular finito em vez de zero – reunindo-se em bandas através de todo o material, fora do qual as correntes supercondutoras ainda poderiam fluir.


Elétrons não ligados fluindo com o estado FFLO

Nos últimos 50 anos, muitos grupos têm tentado testar essa ideia experimentalmente, e alguns têm encontrado evidências indiretas do estado FFLO - principalmente pela medição das propriedades macroscópicas de supercondutores para criar diagramas de fase detalhados dos materiais. Rolf Lortz e seus colegas da Universidade de Hong Kong, por exemplo, identificaram uma nova fase entre o supercondutor e as fases normais no composto orgânico κ-(BEDT-TTF)2Cu(NCS)2, que interpretaram como sendo o estado FFLO e que, eles descobriram, impulsionou o limite magnético (campo crítico HC) de 21 T para quase 30 T.
        No mais recente trabalho, Vesna Mitrović da Universidade Brown nos EUA, e colegas do Japão e do laboratório francês French National High Magnetic Field Laboratory (LNCMI) em Grenoble, encontraram evidências do estado FFLO em escala microscópica. A pesquisa explora o espectro de energia dos elétrons desemparelhados de um supercondutor, que têm uma energia mais elevada do que a variedade emparelhada. Este gap de energia tem um valor único ao longo de uma amostra de um supercondutor convencional, mas sua variação é prevista de uma região à outra dentro de um material na fase FFLO.

Quasepartículas supercondutoras

Mitrović e colegas observaram regiões dentro de folhas muito finas de κ-(BEDT-TTF)2Cu(NCS)2, onde o gap de energia vai a zero. Essas são regiões onde elétrons emparelhados e desemparelhados têm a mesma energia, e onde, portanto, é energicamente possível existirem elétrons desemparelhados. Estes elétrons desemparelhados são a melhor ideia de como “quasepartículas”, que existem em superposições quânticas complexas com tudo à sua volta, e, ao contrário de elétrons normais, podem superconduzir. Especificamente, os pesquisadores procuraram quasepartículas conhecidas como estados ligados de Andreev, que se assemelham a elétrons normais, cujos spins apontam na direção de um campo magnético aplicado.
        O experimento foi realizado no LNCMI, onde a ressonância magnética nuclear (RMN) foi usada para confirmar duas propriedades esperadas dos estados ligados de Andreev - e, portanto, a presença da fase de estado FFLO. A primeira, e mais importante, envolveu medir o tempo que levou para os elétrons mudarem sua rotação quando exposto a fortes campos magnéticos, uma característica que reflete o espectro de energia dos elétrons em toda a amostra. A segunda propriedade requer medidas da distribuição de spins dentro do material.
“Outros grupos têm realizado impressionante e importante trabalho, mostrando que em um alto campo magnético você entra em um novo estado”, diz Mitrović. “Mas eles não poderiam dizer com o que esse estado se parece. O objetivo do nosso trabalho foi olhar, e o que vemos é realmente muito impressionante.” Ela acrescenta que o trabalho pode vir a ser importante fora da física da matéria condensada, porque poderia ajudar os físicos de partículas identificarem uma forma de supercondutividade que envolve quarks com sabor desequilibrado, e em astrofísica poderia explicar como estrelas de nêutrons podem apresentar supercondutividade e ao mesmo tempo gerar enormes campos magnéticos.

Melhores sistemas de ressonância magnética

Lortz diz que a pesquisa fornece “um tipo diferente de importantes informações” ao obtido pelo seu grupo. Ele acrescenta que, em princípio, poderia levar à criação de ímãs supercondutores mais poderosos para sistemas de ressonância magnética porque o estado supercondutor persiste a campos mais altos. Enquanto o κ-(BEDT-TTF)2Cu(NCS)2 não é apropriado para fazer ímãs, Lortz acrescenta que a fase FFLO pode ser observada em materiais mais adequados no futuro.
Ted Forgan, da Universidade de Birmingham, que observou o estado FFLO no supercondutor CeCoIn5, diz que os resultados são “muito convincentes”. Mas ele ressalta que a RMN, ao fornecer dados microscópicos, não mostra a variação espacial diretamente. “Talvez a técnica high-field scanning tunnelling microscopy poderia mostrar um estado espacialmente modulado”, diz ele.
A pesquisa foi publicada na revista Nature Physics.






sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Composto tem estranha combinação de propriedades: magnetismo e supercondutividade (coexistence of 3d-ferromagnetism and superconductivity)




http://www.en.uni-muenchen.de/news/newsarchiv/2014/johrendt_superconductor.html
 O novo composto é constituído por camadas alternadas de supercondutores (seleneto de ferro) e de ferromagnéticos (hidróxido de ferro e lítio). (Fonte: Dirk Johrendt)


Pesquisadores da Ludwig Maximilians Univiversity (LMU) sintetizaram um composto supercondutor ferromagnético que é passível de modificação química, abrindo o caminho para estudos detalhados sobre essa rara combinação de propriedades físicas.
        Supercondutividade e ferromagnetismo - a forma “normal” do magnetismo, tal como encontrada em ímãs - são como água e óleo: geralmente não andam juntos. Ferromagnetos são magnéticos porque o alinhamento paralelo dos spins de elétrons adjacentes nos átomos de ferro gera um forte campo magnético interno. Quase todos os supercondutores conhecidos, por outro lado, formam pares de elétrons “anti-alinhados” que excluem as linhas do campo magnético a partir de seus interiores. Mas, químicos da LMU descobriram um novo material em que estas duas propriedades podem coexistir.
        “Sintetizamos um novo composto que é um supercondutor ferromagnético”, diz o professor Dirk Johrendt do Departamento de Química. “Este é um avanço importante, que abre novas oportunidades de pesquisa na área”, acrescenta.
Supercondutores ferromagnéticos não são desconhecidos, mas eles são extremamente raros, e quase sempre apresentam as duas propriedades simultaneamente apenas quando são esfriados a temperaturas próximas do zero absoluto (-273 ºC). “O material em camadas que sintetizamos, (Li,Fe)OH(FeSe), tem a vantagem de funcionar em temperaturas mais altas, que são mais fáceis de alcançar e manipular no laboratório”, diz Johrendt.
        O novo composto é constituído por planos alternados supercondutor (seleneto de ferro FeSe) e ferromagnético (hidróxido de ferro e lítio (Li,Fe)OH). Quando o material é resfriado, a resistividade elétrica cai a zero na camada de seleneto de ferro em temperaturas abaixo de -230 ºC, e a supercondutividade emerge. Em temperaturas um pouco mais baixas, os átomos de ferro na camada de (Li,Fe)OH se tornam ferromagnético, mas a supercondutividade persiste.
Em colaboração com físicos da Technical Univ. em Dresden e do Paul Scherrer Institute em Villingen (Suíça), os investigadores demonstraram que o campo magnético gerado pela camada (Li,Fe)OH penetra espontaneamente nas camadas supercondutoras e na ausência de campos aplicados externamente. Este novo estado da matéria é referido como uma fase de vórtice espontânea. As poucas substâncias que exibem este efeito não podem ser facilmente modificadas e requerem temperaturas ultrafrias, tornando difícil uma investigação mais detalhada.
        “Nosso novo composto pela primeira vez nos dá a oportunidade de explorar a influência da modificação química sobre a coexistência de supercondutividade e ferromagnetismo, de modo que logo será possível a realização de estudos mais extensos desse fascinante fenômeno”, conclui Johrendt.







Coexistence of 3d-Ferromagnetism and Superconductivity in [(Li1-xFex)OH](Fe1-yLiy)Se, Ursula Pachmayr et al., Angewandte Chemie. Article first published online: 7 OCT 2014, DOI: 10.1002/anie.201407756.




segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Na fronteira entre matéria e antimatéria: físicos descobrem partícula exótica (férmion de Majorana) dentro de materiais supercondutores (scientists find long-sought Majorana particle)






 O dispositivo é feito de um nanofio de índio coberto com um contato de ouro e parcialmente coberto com um contato supercondutor de nióbio. Os férmions de Majorana são criados no final do nanofio. Crédito: Copyright TU Delft 2012



Pesquisadores do TU Delft's Kavli Institute e da Foundation for Fundamental Research on Matter (FOM Foundation) conseguiram detectar pela primeira vez o férmion de Majorana, uma partícula que é um híbrido de matéria e antimatéria. A existência dessa partícula foi proposta pelo físico italiano Ettore Majorana. Leo Kouwenhoven, principal pesquisador do trabalho, causou grande agitação entre os cientistas em fevereiro, apresentando os resultados preliminares em um congresso científico. Agora, os cientistas publicaram sua pesquisa na revista Science.

Computador quântico e matéria escura

Férmions de Majorana são muito interessantes - não só porque a descoberta abre um novo e desconhecido capítulo da física fundamental; eles também podem desempenhar um papel na cosmologia. A teoria proposta pressupõe que a misteriosa “matéria escura”, que forma a maior parte do universo, é composta de férmions de Majorana. Além disso, os cientistas veem as partículas como blocos de construção fundamentais para o computador quântico. Ao contrário do computador quântico “comum”, um computador quântico baseado em férmions de Majorana é excepcionalmente estável e pouco sensível a influências externas.
       
Nanofio

        Pela primeira vez, cientistas no grupo de pesquisa de Leo Kouwenhoven conseguiram criar um dispositivo eletrônico em nanoescala no qual um par de férmions de Majorana “aparece” em uma das extremidades do nanofio. Eles fizeram isso através da combinação de um nanofio extremamente pequeno com um material supercondutor e um forte campo magnético. “As medições das partículas nas extremidades do nanofio não podem ser explicadas a não ser pela presença de um par de férmions de Majorana”, diz Leo Kouwenhoven.
        Teoricamente é possível detectar um férmion de Majorana com um acelerador de partículas. O atual Large Hadron Collider parece ser suficientemente sensível para essa finalidade, mas, de acordo com os físicos, há uma outra possibilidade: férmions de Majorana também podem aparecer em nanoestruturas adequadamente projetados. “O que há de mágico sobre a mecânica quântica é que uma partícula de Majorana criada desta forma é semelhante às que podem ser observadas em um acelerador de partículas, apesar de ser muito difícil de compreender”, explica Kouwenhoven. “Em 2010, dois grupos teóricos diferentes surgiram com uma solução usando nanofios supercondutores e um forte campo magnético. Através de pesquisas anteriores aqui na TU Delft já estávamos muito familiarizados com esses ingredientes.”


O físico italiano Ettore Majorana era um teórico brilhante, que mostrou grande visão sobre a física em uma idade jovem. Ele descobriu uma solução até então desconhecido para as equações das quais os cientistas quânticos deduzem partículas elementares: os férmions de Majorana. Praticamente todas as partículas teóricas previstas pela teoria quântica foram encontrados nas últimas décadas, com apenas algumas exceções, incluindo a partícula de Majorana e o bóson de Higgs. Mas a pessoa Ettore Majorana é tão misteriosa quanto a partícula. Em 1938, ele retirou todo o seu dinheiro e desapareceu durante uma viagem de barco a partir de Palermo para Nápoles. Se ele se matou, foi assassinado ou vivia sob uma identidade diferente ainda não é conhecido. Nenhum traço de Majorana jamais foi encontrado.






Novos supercondutores para aplicações em MagLev (new superconductors for Maglev applications)




   Um supercondutor de alta temperatura levita aproximadamente a 3 centímetros ao longo de um trilho magnético em uma demonstração da nova tecnologia da SuperOx.   Um novo material supercondutor da SuperOx pode revolucionar os dispositivos MagLev (levitação magnética), tornando sua produção consideravelmente mais fácil, barata e eficaz. O presidente do Conselho de Administração da SuperOx, Andrey Vavilov, resumiu sucintamente o impacto sobre a indústria de MagLev da nova fita supercondutora: “Nós mudamos as regras do jogo.”  O antecessor Antes da inovação, as cerâmicas de alta temperatura necessárias para levitação magnética levavam cerca de quatro meses para serem obtidas. Os próprios produtos - que não poderiam ser fabricados em grandes quantidades - eram quebradiços, com uma quantidade elevada de materiais de terras raras. O método era caro, demorado e ineficaz na criação das cerâmicas.  Apesar das suas desvantagens, as cerâmicas de alta temperatura têm sido utilizadas em protótipos de mancais magnéticos pela Nexans/Siemens; armazenamento de energia pela Boeing; sistemas de transportes pela Evico GmbH; dispositivos de manipulação sem contato pela FESTO. Por estes protótipos, uma tecnologia nova, mais eficaz era necessária pela indústria MagLev.  A Tecnologia A nova tecnologia da SuperOx utiliza fitas de supercondutores de alta temperatura, com a capacidade de criar produtos em multi-camadas que podem assumir a forma de placas finas, cilindros ou tijolos para satisfazer as necessidades finais do projeto. Estes produtos podem erguer mais de 35 kg usando apenas 20 metros de fita de supercondutores de alta temperatura.  A tecnologia é muito mais avançada do que a cerâmica de alta temperatura, usando quantidades muito baixas de materiais de terras raras, mas com um alto desempenho de condutividade. O processo de fabricação é rápido e relativamente fácil em comparação com outras tecnologias, tornando este um passo significativo para o mercado MagLev.  Num futuro próximo, a SuperOx apresentará a tecnologia que deve ser capaz de levitar uma carga de 100 kg, e num futuro mais distante, uma carga de 1 tonelada.  Os resultados Levitação magnética estável pode ser criada com o uso de materiais supercondutores. Ao usar esta nova tecnologia, as empresas do setor poderão utilizar materiais supercondutores de alta temperatura em qualquer formulação que necessitam, e será muito mais econômica que os métodos anteriores. Todo o mercado MagLev será significativamente melhorada com a introdução deste novo produto, fazendo desta descoberta um verdadeiro sucesso.   Fonte: http://www.prweb.com/releases/2014/10/prweb12212371.htm

Um supercondutor de alta temperatura levita aproximadamente a 3 centímetros ao longo de um trilho magnético em uma demonstração da nova tecnologia da SuperOx.


Um novo material supercondutor da SuperOx pode revolucionar os dispositivos MagLev (levitação magnética), tornando sua produção consideravelmente mais fácil, barata e eficaz. O presidente do Conselho de Administração da SuperOx, Andrey Vavilov, resumiu sucintamente o impacto sobre a indústria de MagLev da nova fita supercondutora: “Nós mudamos as regras do jogo.”

O antecessor
Antes da inovação, as cerâmicas de alta temperatura necessárias para levitação magnética levavam cerca de quatro meses para serem obtidas. Os próprios produtos - que não poderiam ser fabricados em grandes quantidades - eram quebradiços, com uma quantidade elevada de materiais de terras raras. O método era caro, demorado e ineficaz na criação das cerâmicas.
        Apesar das suas desvantagens, as cerâmicas de alta temperatura têm sido utilizadas em protótipos de mancais magnéticos pela Nexans/Siemens; armazenamento de energia pela Boeing; sistemas de transportes pela Evico GmbH; dispositivos de manipulação sem contato pela FESTO. Por estes protótipos, uma tecnologia nova, mais eficaz era necessária para a indústria MagLev.

A Tecnologia
A nova tecnologia da SuperOx utiliza fitas de supercondutores de alta temperatura, com a capacidade de criar produtos em multi-camadas que podem assumir a forma de placas finas, cilindros ou tijolos para satisfazer as necessidades finais do projeto. Estes produtos podem erguer mais de 35 kg usando apenas 20 metros de fita de supercondutores de alta temperatura.
        A tecnologia é muito mais avançada do que a cerâmica de alta temperatura, usando quantidades muito baixas de materiais de terras raras, mas com um alto desempenho de condutividade. O processo de fabricação é rápido e relativamente fácil em comparação com outras tecnologias, tornando este um passo significativo para o mercado MagLev.
        Num futuro próximo, a SuperOx apresentará a tecnologia que deve ser capaz de levitar uma carga de 100 kg, e num futuro mais distante, uma carga de 1 tonelada.

Os resultados
Levitação magnética estável pode ser criada com o uso de materiais supercondutores. Ao usar esta nova tecnologia, as empresas do setor poderão utilizar materiais supercondutores de alta temperatura em qualquer formulação que necessitam, e será muito mais econômica que os métodos anteriores. Todo o mercado MagLev será significativamente melhorada com a introdução deste novo produto, fazendo desta descoberta um verdadeiro sucesso.



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