Pulsos
ultracurtos de laser permitiram tirar fotografias da estrutura eletrônica do
material conforme ele retornava de uma fase de não-equilíbrio. [Imagem:
Pixabay]
Laser revelador
Um
experimento com raios laser pulsados, usados em pesquisas de materiais, revelou
algo com que o mundo da tecnologia sonha há muito tempo: supercondutores que
funcionam a temperatura ambiente são mesmo possíveis.
A revelação
veio quando um composto cerâmico de cobre, oxigênio e bismuto foi analisado por
Simone Peli, da
Universidade Católica do Sagrado Coração, na Itália.
Usando as
fontes de raio laser pulsado do laboratório SISSA,
Simone e seus colegas conseguiram identificar a condição exata em que os
elétrons no material não se repelem mutuamente, o que é essencial para que a
eletricidade flua sem resistência.
A novidade
é que tudo ocorreu a temperatura ambiente, e não nas temperaturas criogênicas
necessárias para que a supercondutividade se manifeste nos materiais usados
hoje em máquinas de exames médicos ou em laboratórios como o LHC.
Supercondutor a temperatura ambiente
A equipe se
concentrou em um supercondutor específico, que tem propriedades físicas e
químicas altamente complexas, sendo composto por quatro tipos diferentes de
átomos, incluindo cobre e oxigênio - ele pertence à família dos cupratos.
“Usando um pulso de
laser, nós tiramos o material do seu estado de equilíbrio. Um segundo pulso,
ultracurto, então nos permitiu desembaraçar os componentes que caracterizam a
interação entre os elétrons enquanto o material estava retornando ao
equilíbrio. Metaforicamente, foi como tirar uma série de fotografias das
diferentes propriedades desse material em momentos diferentes,”
escreveu a equipe em seu artigo.
Por meio
desta abordagem, Simone e seus colegas descobriram que “neste material, a repulsão entre os elétrons
e, portanto, suas propriedades isolantes, desaparece mesmo a temperatura
ambiente. É uma observação muito interessante, pois este é o pré-requisito
essencial para transformar um material em um supercondutor.”
O
desafio agora é ir mudando cuidadosamente a estrutura química do material - sua
receita - até conseguir que a supercondutividade se manifeste a temperatura
ambiente. [Imagem: Simone Peli et al. - 10.1038/nphys4112]
Impactos ambientais positivos
Tendo
descoberto que os pré-requisitos para a fabricação de um supercondutor à
temperatura ambiente de fato existem, a equipe acredita que agora será uma
questão de calibrar os ingredientes que formam o material para obter um
supercondutor a temperatura ambiente.
“Poderemos usar este
material como um ponto de partida e mudar sua composição química, por exemplo,”
explicaram os pesquisadores.
Quando
conseguirem isto - além de ficarem todos milionários - eles estarão lançando as
bases de uma verdadeira revolução industrial, mudando toda a infraestrutura
energética, o que incluirá uma drástica redução no consumo de energia, com
enormes impactos ambientais positivos.
Bibliografia:
Mottness at finite
doping and charge instabilities in cuprates. Simone
Peli, S. Dal Conte, R. Comin, N. Nembrini, A. Ronchi, P. Abrami, F. Banfi, G.
Ferrini, D. Brida, S. Lupi, M. Fabrizio, A. Damascelli, M. Capone, G. Cerullo,
C. Giannetti. Nature Physics. DOI: 10.1038/nphys4112.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=supercondutor-temperatura-ambiente-mesmo-possivel&id=010115170522&ebol=sim
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