A Coppe/UFRJ iniciou, hoje,
1º de outubro, a fase de testes operacionais do trem de levitação magnética, o
Maglev-Cobra. A primeira viagem do veículo aconteceu na manhã desta
quarta-feira, durante visita técnica de cerca de 60 pesquisadores de vários
países à linha de testes do trem de levitação magnética da Coppe, na Cidade
Universitária. A visita fez parte da programação da 22ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Levitação Magnética e Motores Lineares – Maglev 2014, realizada de 28 de setembro a 1º de outubro, no Rio de Janeiro, que
reuniu os maiores especialistas em levitação magnética do mundo. Os testes se
estenderão até 2015, quando o veículo será inaugurado, e passará a transportar
alunos, professores, funcionários e visitantes do campus.
A data de hoje tem um enorme
significado para a Coppe/UFRJ e para a pesquisa no Brasil. Ao levitar e
percorrer pela primeira vez a linha experimental de 200 metros que liga o
Centro de Tecnologia 1 (CT 1) ao Centro de Tecnologia 2 (CT 2) da UFRJ, o
Maglev-Cobra inseriu o Brasil no pequeno grupo formado pelos países detentores
das tecnologias de levitação magnética até o momento: Alemanha, China, Japão e
EUA.
O Maglev-Cobra é o primeiro
veículo no mundo a transportar passageiros utilizando a tecnologia de levitação
magnética por supercondutividade. A Alemanha e a China também já fazem
experiências com essa mesma tecnologia, mas os seus projetos ainda se encontram
em fase de testes em laboratório. Ainda não foram implantadas linhas de teste.
Alemanha, China e Japão já aplicam a levitação magnética
ao transporte. No Japão e na China, que utiliza o processo desenvolvido na
Alemanha, as tecnologias de levitação magnética adotadas são a eletromagnética
e a eletrodinâmica. Os Estados Unidos possuem alguns projetos, mas ainda não
implantaram linhas de teste.
“O início da fase de testes do
Maglev-Cobra representa uma ruptura de barreira tecnológica para o Brasil. A
nova etapa tornará mais visível para a sociedade esse projeto voltado para o
transporte urbano de passageiros. O próximo passo será buscar financiadores e
parceiros para que o projeto entre em operação comercial”, afirmou o professor
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ.
A expectativa é que aconteça no
Brasil o mesmo que ocorreu no Japão, onde a linha de testes de Yamanashi,
criada em 1997, com 18,4 km, foi remodelada e ampliada para 42,8 km em 2013.
Até 2011, foram percorridos 874 mil quilômetros em testes. Ontem, durante sua
palestra na 22ª Conferência Internacional Maglev, o professor da Universidade
de Tóquio, Hiroyuki Ohsaki, informou ontem que a ligação comercial por trem
Maglev entre Tóquio e Nagoya deverá ser inaugurada em 2027. Uma outra linha,
entre Tóquio e Osaka, deverá começar a operar até 2045.
“Estou me sentindo como um pai no
dia do nascimento do filho”, afirmou o coordenador do projeto do Maglev-Cobra,
Richard Magdalena Stephan, professor da Coppe/UFRJ. “Agora é educar essa
criança. O trabalho está apenas começando”, disse Stephan referindo-se ao
início da fase de testes na linha de demonstração, durante a qual o projeto
receberá os ajustes necessários.
Visita
técnica inicia fase de testes do veículo
O
primeiro dia de testes do Maglev-Cobra na linha experimental na Cidade
Universitária foi acompanhado de perto por cerca de 60 pesquisadores do Brasil
e do exterior. Entre eles estavam alguns dos maiores especialistas do mundo em
levitação magnética, como o professor da Universidade de Tóquio, Hiroyuki
Ohsaki, autor de importantes estudos sobre supercondutividade, sistemas de
acionamento linear e magnético; o vice-diretor do National MagLev
Transportation Development da China, Lin Guobin, responsável pelo projeto do
trem Maglev de Shanghai; o consultor americano, Laurence Blow, que desenvolve
estudos para aplicação da tecnologia de levitação magnética em trens de alta
velocidade e para transporte urbano; e o pesquisador Rüdiger Appunn, do
Institute of Electrical Machines (IEM) da Alemanha, que iniciou estudos para
aplicação da levitação magnética na propulsão de elvadores.
Ao final da fase de testes, o Maglev-Cobra
será certificado por uma instituição técnica, que avaliará o desempenho do
veículo de levitação em quesitos como estabilidade, propulsão, velocidade,
aceleração e frenagem. Após receber o aval do órgão ou empresa certificadora, o
Maglev-Cobra estará apto para entrar em fase de industrialização e poderá ser
implantado em trajetos mais longos.
De acordo com o professor Richard Stephan (foto acima), um dos próximos passos é a realização de testes em linhas
maiores. “O Plano Diretor da UFRJ para a Cidade Universitária prevê a
implantação de uma linha do Maglev-Cobra ligando a estação do BRT da Ilha do
Fundão até o Parque Tecnológico da UFRJ”, explicou Richard Stephan, que
coordena o Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe.
O projeto da Coppe já começa a
fase de testes operacionais no nível 7 de uma escala de evolução tecnológica
utilizada pela Nasa, que vai até 9. “Ao atingir a etapa seguinte, o projeto
estará pronto para a industrialização”, adianta Richard Stephan. Segundo o professor
da Coppe, na etapa atual de desenvolvimento o Maglev será conduzido por um
piloto. Os pesquisadores do Lasup, no entanto, já estão trabalhando para que a
próxima versão do trem circule de forma automática, sem a presença de um
condutor.
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