A arquitetura neuromórfica deverá superar a capacidade
de cálculo do cérebro humano. [Imagem: Jeffrey M. Shainline et al. -
10.1103/PhysRevApplied.7.034013]
Computador
neuromórfico
O
supercomputador mais rápido do mundo, o Sunway TaihuLight, 100% chinês, executa
mais cálculos por segundo do que um cérebro humano, mas consome cerca de
800.000 vezes mais energia.
Para
tentar tirar essa diferença, uma equipe do Instituto
Nacional de Padronização e Tecnologia dos EUA (NIST) está propondo um novo
sistema de computação baseado em componentes supercondutores que se comunicam
usando luz e que funciona de forma mais parecida com a arquitetura neural do
cérebro humano.
Os
cálculos de Jeffrey
Shainline e seus colegas sugerem que seu computador-supercondutor-fotônico
poderá operar com menos energia e realizar mais cálculos do que o cérebro
humano - se bem que a capacidade estimada de cálculos do cérebro humano foi
recentemente multiplicada por 100.
Neurônio
teia de aranha
Nos computadores atuais, cada componente
semicondutor interage com apenas alguns outros, aos quais são conectados por
fiações diretas. Acontece que, se cada componente fosse ligado a milhares de
outros, como ocorre no cérebro, a arquitetura do circuito rapidamente se torna
caótica.
Para resolver isto, Jeffrey Shainline propõe
usar fótons em vez de elétrons. Os fótons podem atuar como portadores de
informação e podem se comunicar com inúmeros outros sem a necessidade de
conexões com fios.
O neurônio artificial consiste de um fio
supercondutor conectado a um LED - incorporado seria o melhor termo, já que
ambos fazem parte do mesmo componente. Os dois elementos atuam como detector e
transmissor de sinal, respectivamente.
Na ausência de fótons de entrada, o LED
permanece desligado e o neurônio fica inativo. Quando o supercondutor absorve
fótons, sua temperatura aumenta, provocando uma transição de uma fase
supercondutora para uma fase metálica. Isso altera o fluxo de corrente no LED,
ligando-o e tornando o neurônio ativo.
Como essa transição requer a absorção de
múltiplos fótons, o circuito pode imitar os neurônios reais, que disparam
apenas se o sinal de entrada superar um limiar. Guias de onda ramificados então
canalizam os fótons emitidos para milhares de outros neurônios supercondutores,
compondo o que os pesquisadores chamam de “neurônio teia de aranha”.
Estrutura do computador (em cima) e de cada neurônio
artificial, formado por um supercondutor e um LED (embaixo). [Imagem: Jeffrey
M. Shainline et al. - 10.1103/PhysRevApplied.7.034013]
Operações
De acordo com os cálculos da equipe, esse
sistema poderá realizar 10 vezes mais operações do que o cérebro humano e
consumir apenas 20 W de energia.
Agora é aguardar que os engenheiros
ponham a mão na massa e afiram se esse neurônio artificial em teia realmente
funciona.
Bibliografia:
Superconducting Optoelectronic Circuits for
Neuromorphic Computing. Jeffrey M. Shainline, Sonia M. Buckley, Richard P. Mirin,
Sae Woo Nam. Physical Review Applied Vol.: 7, 034013. DOI:
10.1103/PhysRevApplied.7.034013